Trump, o fictício general de si mesmo
Com ele, a diplomacia vira slogan e a guerra, performance eleitoreira. Infelizmente, fora de seu palco, o mundo continua real - e letal

O presidente Donald Trump, que jamais pisou numa trincheira de guerra – apenas nos “bunkers” das altas negociatas financeiras e financistas globais – continua marchando em sua guerra preferida: a da verborragia populista. Uma guerra em que ele é, ao mesmo tempo, o comandante, o inimigo e o público. Se você, leitor amigo, leitora amiga, se lembrou de um certo ministro do STF, Freud e sua teoria sobre o inconsciente explicam.
No início de seu novo mandato, Trump dizia que “com dois telefonemas a Putin” acabaria com a guerra na Ucrânia. A bravata não é nova, já que a repete desde 2023, mas ganhou nova embalagem no dia 19 de maio quando, após conversar com o sanguinário do Kremlin, anunciou: “Um cessar-fogo começará imediatamente“. Começou? Claro que não. Mas desde quando Trump se importa com a verdade e a realidade?
O bufão cor de laranja também já ameaçou invadir a Groenlândia – uma ideia que parece piada, eu sei -, mas que foi noticiada em diversos veículos americanos e mundiais em março de 2025, e jamais desmentida pelo próprio Trump ou por seu vice, o igualmente falastrão J.D. Vence. Além disso, é sempre bom lembrar, ameaçou controlar militarmente o Canal do Panamá, como se ainda vivêssemos em 1989.
Soldadinho de chumbo
O Império Americano, na cabeça de Donald Trump, se move com e por memes de internet, tanques imaginários e nostalgia colonial compartilhada em redes sociais. Em dezembro de 2024, diante da pressão por parte de congressistas republicanos e da comunidade judaica americana, ele escreveu na rede Truth Social: “Se os reféns israelenses não forem libertados antes da minha posse, haverá ALL HELL TO PAY no Oriente Médio.”
Já em março de 2025, repetiu o recado ao Hamas, dizendo que aquele era o “último aviso” antes de uma resposta “impensável”. Dois blefes e mais de três meses depois, dezenas de reféns ainda seguem em cativeiro e os terroristas não parecem perder o sono. Trump voltou ainda a anunciar outras vezes que “Um cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia está muito próximo“. E também disse o mesmo sobre um possível acordo nuclear com o Irã.
Agora, o presidente americano ameaça entrar diretamente na guerra entre Israel e Irã, caso o regime dos aiatolás não se renda. Assim, ameaça, promete e posa de salvador do planeta. A cada crise internacional, veste seu uniforme de general imaginário e escala o palco do populismo geopolítico. Com ele, a diplomacia vira slogan e a guerra, uma performance eleitoreira de quinta categoria. Infelizmente, fora de seu palco pessoal, o mundo continua real. E letal.
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Comentários (4)
Jorge Irineu Hosang
18.06.2025 17:21Muitos Trumpistas curtem dizer que Zelenskyi é um desqualificado, por ter sido um comediante mas se esquecem que Trump, é um mero apresentador de Reality Show tentando aplacar seu conhecido: "You are fired!". Lamentável que em um momento crucial onde a Democracia e a Liberdade estão em risco no mundo todo, com o retorno de uma barbárie medieval, tenhamos figuras dantescas a pregar o fim dos Organismos Internacionais e não sua reformulação. Isso pareceria planejado, vindo dele, mas na verdade é a união de fatos e atos que rodeiam um palhaço de circo que vive de fazer caras e bocas frente as câmeras, vociferando palavras e frases de efeito.
Emerson
18.06.2025 15:52TACO
cin
18.06.2025 15:47O que vemos no Iran desde 1979 quando eclodiu a revolução islâmica é consequência direta da interferência dos Estados Unidos e Inglaterra para remover em 1952/53 um primeiro ministro iraniano (Mossadegh) e um novo Rei (Reza Pahlevi) que fossem simpáticos aos interesses destes dois países na exploração do petróleo iraniano, pois Mossadegh, acertadamente, queria nacionalizar a exploração do petróleo para garantir ao povo iraniano os benefícios desta exploração, que lhe era negado. Deu no que deu. E provavelmente dará, certamente em coisas piores, qualquer interferência mais decisiva dos Americanos agora. Particularmente de um cabeças como a de Trump e Netanyahu.
Clayton De Souza pontes
18.06.2025 13:39Ninguém mais leva o Trump a sério. Talvez os iranianos se lembrem das afirmações do Trump sobre a participação direta dele nos ataques proferidos por Israel