Toxicidade bolsonarista contamina Tarcísio, que erra duas vezes
O governador errou ao fazer piada e novamente ao se justificar, mas tudo poderia ganhar contornos menores não fosse sua identificação com o bolsonarismo radical
O Brasil, historicamente, insiste em caminhar entre escândalos e sobressaltos políticos, baixo crescimento econômico e desenvolvimento social insuficiente, entremeados por brevíssimos períodos de “tranquilidade” política e voos de galinha na economia. Mal termina um escândalo e logo aparece outro. Ou, não raro, em meio a um surge mais um.
A contaminação de bebidas por uso de metanol começa a se transformar em um caso gravíssimo de saúde pública e absoluta falta de controle sanitário. Três pessoas morreram, 18 casos foram confirmados e dezenas de pacientes hospitalizados estão sob investigação diagnóstica. O que parecia ser um problema localizado, começa a se tornar nacional.
Em entrevista coletiva na terça-feira, 7, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), expôs as providências que o estado está tomando na contenção da situação, especialmente na fiscalização e no fechamento de empresas irregulares, e na assistência aos contaminados como a importação de doses de antídoto.
Erro grosseiro número 1
Na mesma entrevista, entretanto, por descuido e talvez cálculo eleitoral indevido, Tarcísio tentou afetar distanciamento de bebidas alcoólicas e dar um certo ar de descontração ao caso. De forma incrivelmente imprópria e inoportuna, fez uma piada de extremo mau gosto, dizendo “No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar.”
A despeito da gafe e da “burrice política” – pois certamente o episódio seria, como está sendo e será explorado pela esquerda -, poderia tratar-se de um caso menor se o governador não tivesse se transformado em linha auxiliar do bolsonarismo radical, referendando teses absurdas e chamando para si questões exclusivas da família Bolsonaro.
Como reza o dito popular, “Diga-me com andas e te direi quem és”, ao se associar de modo umbilical a Jair Bolsonaro, Tarcísio vê sua piada esdrúxula comparada às piores declarações do “mito” à época da epidemia de coronavírus, quando Bolsonaro desdenhava de modo frequente das vítimas de covid-19 e seus familiares e amigos.
Erro grosseiro número 2
Ainda que os casos e as falas não guardem a mínima proporção, o fato é que Tarcísio colou sua imagem a Bolsonaro, e agora paga o preço. Além disso, dobrou o erro ao tentar pedir desculpas, transformando o que deveria ser sincero arrependimento em patética peça de propaganda de seu governo. Ou seja, a emenda ficou pior que o soneto.
O governador errou ao fazer piada e errou novamente ao se justificar, mas repito: tudo poderia ganhar contornos menores não fosse sua identificação com o bolsonarismo radical. Quando Carlos Bolsonaro “o chamou” de rato e Eduardo Bolsonaro o atacou publicamente, foram sinais de alerta que não poderiam ter sido ignorados.
Contudo, Tarcísio ou não enxergou ou não quis enxergar os riscos de estar cada vez mais ligado a uma gente tão imprevisível e com tantos esqueletos aparentes. O dano já é irreversível, mas poderá ser ainda pior se não se afastar definitivamente do bolsonarismo aloprado, que jamais pode ou deve ser confundido com a direita.
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Comentários (5)
Annie
09.10.2025 00:13Achei que ele fez bem em pedir desculpas pela fala infeliz
ENRICO
08.10.2025 16:00Ricardo como sempre demonstrando que o ódio é maior a família Bolsonaro do que Lula e sua trupe, como todos seus textos demonstram que em um passado próximo algum filho do capitão deve ter ofendido o blogueiro. Tarcisio não falou nada demais, ser leal a familia bolsonaro faz parte da conjutura politica, agora querem que um movimento livre nascido no Brasil se acabe, mas quando fala mal de Lula parece um gatinho
Eliane ☆
08.10.2025 14:55*tá nem aí pra essa fala desastrosa .
Eliane ☆
08.10.2025 14:51Sinceramente, o eleitor "comum",que não somos nós ,que naj
Fabio B
08.10.2025 13:51O erro maior foi pedir desculpas pros que patrulharam. Mostra o quanto é frouxo até para manter o que diz, considerando que de fato não foi nada demais.