“Episódio de Aras” originou fake news, diz diretor da Transparência Internacional
Bruno Brandão disse que o ex-procurador-geral, indicado por Bolsonaro, "levantou informações equivocadas em um documento oficial, que foi vazado"
O diretor-executivo da unidade brasileira da Transparência Internacional, Bruno Brandão, reforçou o que Felipe Moura Brasil apontou em O Antagonista: a narrativa usada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli contra a ONG teve origem com o procurador-geral da República indicado por Jair Bolsonaro e citado por Rui Falcão, do PT, em pedido de investigação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Jamais recebemos nem direta e nem indiretamente nenhum recurso de acordo de leniência, seja da J&F ou de qualquer outro acordo de outras empresas. Essa é uma fake news que vem permanecendo e aumentando nos anos. Isso começou com o episódio de Augusto Aras (foto) que levantou informações equivocadas em um documento oficial, que foi vazado, e isso se tornou objeto de campanha difamatória contra nossa organização”, disse Brandão à rádio CBN.
A narrativa de Aras
Como mostramos, a subprocuradora Samantha Dobrowolski rebateu em 2020 a narrativa de Aras, confirmando que “a Transparência Internacional não recebeu e tampouco receberá qualquer tipo de remuneração pela assistência prestada”.
Brandão disse também que “o trabalho da Transparência Internacional incomoda muita gente, à esquerda e à direita, mas incomoda especialmente acima, poderosos que nós denunciamos e criticamos”.
“São comuns reações hostis. Isso é parte do nosso cotidiano em todo mundo”, completou.
O pedido petista
No pedido feito ao STJ contra a Transparência Internacional, Rui Falcão alegava envolvimento da ONG no caso do “depósito” de 270 milhões de reais e da “gestão” de 2,3 bilhões de reais da multa da J&F, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, fixada em acordo de leniência.
O pedido do ex-presidente do PT acabou sendo atendido, na prática, por Toffoli, indicado por Lula ao Supremo Tribunal Federal, embora a substituta interina de Aras, Elizeta Ramos, que comandou a Procuradoria no primeiro ano do governo Lula, antes da indicação de Paulo Gonet, ex-sócio de Gilmar Mendes, tenha se manifestado contra Toffoli assumir o caso. O ministro do STF determinou na segunda-feira, 5, coleta de documentos e outros trâmites necessários para dar início à investigação.
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