O antissemitismo e a ideologia de Greta Thunberg O antissemitismo e a ideologia de Greta Thunberg
O Antagonista

O antissemitismo e a ideologia de Greta Thunberg

avatar
Catarina Rochamonte
6 minutos de leitura 07.12.2023 12:27 comentários
Análise

O antissemitismo e a ideologia de Greta Thunberg

Greta Thunberg publicou no jornal The Guardian, na terça-feira, 5, um texto no qual reitera a parcialidade, radicalidade e hipocrisia da sua militância...

avatar
Catarina Rochamonte
6 minutos de leitura 07.12.2023 12:27 comentários 0
O antissemitismo e a ideologia de Greta Thunberg
Reprodução/X

Greta Thunberg publicou no jornal The Guardian, na terça-feira, 5, um texto no qual reitera a parcialidade, radicalidade e hipocrisia da sua militância.

Como mostramos no artigo Ecoterrorismo: o mundo livre se desencanta com Greta Thunberg, a jovem ativista vem sofrendo duras críticas pela insistência em submeter a causa ambientalista aos seus caprichos ideológicos, dentre os quais vem se destacando o posicionamento anti-Israel que beira o antissemitismo escancarado.

Não satisfeita em postar foto segurando cartaz de “apoio a Gaza” com um polvo (símbolo antissemita) ao fundo e em dar palanque a uma defensora do Hamas em um evento climático, Greta achou uma boa ideia cantar “Krossa Sionismen” (esmague o sionismo) em uma manifestação pró-Palestina, em Estocolmo.

O escritor e comentarista político norte-americano, Ben Shapiro, conhecido pela sua incisiva retórica conservadora tem se mostrado cada vez mais impaciente com o ativismo de Thunberg: “Essa pseudo-criança lixo é uma destilação perfeita da geração de idiotas criada pela combinação tóxica de mídia tradicional, mídia social e wokismo”, escreveu Shapiro em seu perfil no X ao compartilhar o vídeo no qual Greta aparece cantando “O que nós vamos fazer? Vamos esmagar o sionismo”.

No artigo que assinou no The Guardian, junto a outros ativistas do Fridays for Future, Suécia, Greta Thunberg responde de uma maneira simples às críticas de que o movimento fundado por ela teria se radicalizado e se politizado: o movimento não mudou, sempre foi assim. “Ao contrário do que muitos afirmam, o Fridays for Future não ´se radicalizou´ nem ´se tornou político´. Sempre fomos políticos, porque sempre fomos um movimento pela justiça”, escreveu ela.

A sua noção de justiça, porém, é bastante problemática. É a noção de justiça dos ideólogos de extrema esquerda. Dentro dessa visão de mundo, escolhe-se um lado supostamente opressor, outro lado supostamente oprimido, instrumentaliza-se politicamente as reivindicações por vezes legítimas de um lado, demoniza-se as ações por vezes legítimas do outro e, com isso, relativiza-se o mal mais explícito para que a dicotomia opressor-oprimido prevaleça sobre a realidade dos fatos e sobrepuje a própria consciência moral.

É assim que aqueles que silenciaram por ocasião do massacre hediondo perpetrado pelo Hamas passam a posar de defensores da paz, da justiça e dos direitos humanos assim que começa a reação legítima do país que foi vítima de um massacre.

Na ótica não apenas de Greta Thunberg, mas de quase todo o espectro político mais à esquerda, os palestinos (e os muçulmanos de modo geral) podem tudo, pois são agora os novos representantes do polo oprimido da história.

A posição de Greta em relação ao conflito Israel-Hamas é, portanto, a mesma do Secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, que provocou uma crise diplomática com Israel quando afirmou que o ataque do Hamas “não surgiu do nada, mas de 56 anos de ocupação”. Trata-se de uma retórica de justificação do bárbaro e cruel ato terrorista porque o lado que perpetrou o ataque é suposto como o lado oprimido. Isso fica claro no seguinte trecho do artigo assinado por Greta:

Os horríveis assassinatos de civis israelenses perpetrados pelo Hamas não podem de forma alguma legitimar os atuais crimes de guerra de Israel. O genocídio não é legítima defesa, nem é de forma alguma uma resposta proporcional. Também não se pode ignorar que isto se enquadra no contexto mais amplo de os palestinos terem vivido sob uma opressão sufocante durante décadas, no que a Anistia Internacional definiu como um regime de apartheid.”

Embora conceda em chamar de “horríveis” os assassinatos de civis israelenses perpetrados pelo Hamas, Greta se apressa em afirmar que tais assassinatos (que ela não classifica como ação terrorista de um grupo terrorista) não legitimam o que ela chama de “crime de guerra de Israel”. Ou seja, entrar em um país, metralhar jovens em uma festa, assassinar e estuprar mães na frente de filhos, filhas na frente dos pais, sequestrar crianças, mulheres e idosos e cometer os atos mais abomináveis de crueldade como fez o Hamas não é crime de guerra, mas a resposta de Israel seria.

Não contente com esse odioso truque retórico, a ativista do clima prossegue afirmando que “o genocídio não é legítima defesa”, inserindo já o pressuposto falso de que Israel estaria cometendo genocídio.

A conclusão do parágrafo, por sua vez, é a justificação do ato terrorista que ela iniciou chamando de “horríveis assassinatos.” Para Greta, para Guterres, para os professores marxistas, para os estudantes sequelados por uma doutrinação contínua, as atrocidades do Hamas são justificáveis porque, afinal, “não se pode ignorar que isto se enquadra no contexto mais amplo de os palestinos terem vivido sob uma opressão sufocante durante décadas, no que a Anistia Internacional definiu como um regime de apartheid”.

Esqueçamos, pois, a jovem Greta. Não se trata aqui de uma postura individual, mas de mentalidade ideológica dominante no atual sistema educacional e no maistream midiático. Essa posição política, no que tem de essencial, não é nova. Trata-se da relativização do mal em função de um suposto bem ou de uma justificação do mal em nome da retratação de uma suposta injustiça histórica. Esse ressentimento aliado a um sentimento de vingança que se autoproclama justiça tem sido responsável por guerras e descalabros morais.

O que se quer apontar aqui não é, pois, que esse ou aquele indivíduo tenha algum grau de patologia por apoiar uma organização terrorista. Mais do que isso, é preciso apontar, parafraseando Freud, o mal estar da civilização que, sem saber lidar com seus próprios traumas, acaba encontrando no ativismo político e na aderência acrítica a determinados movimentos sociais um sentido para preencher as suas vidas espiritualmente debilitadas. O niilismo, aliado à ideologia, anestesia o sentimento moral e o bom senso. É preciso resgatar esses últimos.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Sem Janja, 7 de setembro lulista vira ato de desagravo a Xandão

Visualizar notícia
2

Maduro suspende custódia do Brasil sobre Embaixada da Argentina

Visualizar notícia
3

“Cabeça de ovo, supremo é o povo”; agora ele cai

Visualizar notícia
4

Bolsonaro vai a hospital antes de ato na Paulista

Visualizar notícia
5

As filhas de Silvio Santos e o futuro do SBT

Visualizar notícia
6

Barroso sinaliza que bloqueio do X não vai a plenário

Visualizar notícia
7

Bolsonaro, sobre Moraes: “Ditador que faz mais mal ao Brasil que Lula”

Visualizar notícia
8

Convidado por Lula, Moraes participa de desfile do 7 de Setembro

Visualizar notícia
9

Marçal é barrado em trio de Bolsonaro na Paulista

Visualizar notícia
10

Juiz manda devolver R$ 25 milhões a delator da Lava Jato

Visualizar notícia
1

Pedi para Lula que me demitisse, diz Silvio Almeida

Visualizar notícia
2

Juiz manda devolver R$ 25 milhões a delator da Lava Jato

Visualizar notícia
3

Sem Janja, 7 de setembro lulista vira ato de desagravo a Xandão

Visualizar notícia
4

Lula usa pronunciamento do 7 de Setembro para criticar Musk

Visualizar notícia
5

Ditadura de Maduro acusa embaixada argentina de envolvimento em terrorismo

Visualizar notícia
6

Simone Tebet: “Estamos do lado da Anielle”

Visualizar notícia
7

Convidado por Lula, Moraes participa de desfile do 7 de Setembro

Visualizar notícia
8

Maduro suspende custódia do Brasil sobre Embaixada da Argentina

Visualizar notícia
9

Silvio Almeida tem direito à ampla defesa, diz Barroso

Visualizar notícia
10

Nunes Marques dá 5 dias para que Moraes explique bloqueio do X

Visualizar notícia
1

Flávio Dino sai em defesa de Moraes em dia de protesto

Visualizar notícia
2

Marçal é barrado em trio de Bolsonaro na Paulista

Visualizar notícia
3

María Corina denuncia cerco de Maduro à Embaixada da Argentina

Visualizar notícia
4

Boric repudia decisão de Maduro sobre Embaixada da Argentina

Visualizar notícia
5

“Cabeça de ovo, supremo é o povo”; agora ele cai

Visualizar notícia
6

Rodolfo Borges na Crusoé: O clube da luta organizada

Visualizar notícia
7

Bolsonaro, sobre Moraes: “Ditador que faz mais mal ao Brasil que Lula”

Visualizar notícia
8

Impeachment de Moraes ainda é distante, apesar de ato de 7 de setembro

Visualizar notícia
9

Malafaia: “Moraes tem que sofrer impeachment e ir para cadeia”

Visualizar notícia
10

Orlando Tosetto Jr. na Crusoé: Ser amigo do rei

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

antissemitismo esquerda Greta Thunberg pró-Palestina
< Notícia Anterior

Meio-Dia em Brasília: A semana decisiva do governo Lula

07.12.2023 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

São Paulo registra a madrugada mais quente do ano

07.12.2023 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Catarina Rochamonte

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

“Cabeça de ovo, supremo é o povo”; agora ele cai

“Cabeça de ovo, supremo é o povo”; agora ele cai

Ricardo Kertzman
07.09.2024 17:15 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Impeachment de Moraes ainda é distante, apesar de ato de 7 de setembro

Impeachment de Moraes ainda é distante, apesar de ato de 7 de setembro

Wilson Lima
07.09.2024 16:29 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Sem Janja, 7 de setembro lulista vira ato de desagravo a Xandão

Sem Janja, 7 de setembro lulista vira ato de desagravo a Xandão

Wilson Lima
07.09.2024 13:20 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
As filhas de Silvio Santos e o futuro do SBT

As filhas de Silvio Santos e o futuro do SBT

José Inácio Pilar
07.09.2024 09:02 5 minutos de leitura
Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.