As “tarifas recíprocas” de Trump
Presidente americano afirmou que igualará as taxas impostas aos produtos americanos por parceiros comerciais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 13, a imposição de “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais, três dias após confirmar as taxas de 25% sobre a importação de aço e alumínio.
Segundo o republicano, os países aliados dos EUA são “piores que os inimigos” ao referir-se aos termos comerciais.
“Se eles impuserem uma tarifa ou um imposto sobre nós, nós impomos exatamente o mesmo nível de tarifa ou imposto sobre eles, é simples assim”, disse.
Trump entende que as tarifas impostas por alguns países a empresas americanas são “desleais“.
O republicano, porém, não detalhou quando as tarifas entrarão em vigor.
Países como a Índia, China e Tailândia impõem taxas superiores ao que os EUA aplicam a seus produtos.
“Nem mais, nem menos”
Em sua rede social Truth Social, Trump afirmou que os Estados Unidos vão considerar os países que usam o sistema de IVA, que, segundo ele, é “muito mais punitivo do que uma tarifa”.
Segundo o republicano, os parceiros comericais que se sentirem “injustiçados” podem reduzir as tarifas sobre os produtos americanos ou transferirem o processo de fabricação para os Estados Unidos.
Eis a íntegra da publicação.
“Sobre comércio, decidi, para fins de justiça, que cobrarei uma tarifa RECÍPROCA, o que significa que o que os países cobrarem dos Estados Unidos da América, nós cobraremos deles – nem mais, nem menos!
Para fins desta Política dos Estados Unidos, consideraremos os países que usam o Sistema de IVA, que é muito mais punitivo do que uma tarifa, como semelhante ao de uma Tarifa. Enviar mercadorias, produtos ou qualquer coisa com qualquer outro nome por outro país, com o propósito de prejudicar injustamente a América, não será aceito.
Além disso, faremos provisões para subsídios fornecidos pelos países para tirar vantagem econômica dos Estados Unidos. Da mesma forma, serão feitas provisões para Tarifas Não Monetárias e Barreiras Comerciais que alguns países cobram para manter nosso produto fora de seu domínio ou, se eles nem mesmo deixarem empresas dos EUA operarem.
Somos capazes de determinar com precisão o custo dessas Barreiras Comerciais Não Monetárias. É justo para todos, nenhum outro país pode reclamar e, em alguns casos, se um país sentir que os Estados Unidos estariam recebendo uma Tarifa muito alta, tudo o que eles precisam fazer é reduzir ou encerrar sua Tarifa contra nós. Não há Tarifas se você fabricar ou construir seu produto nos Estados Unidos. Por muitos anos, os EUA foram tratados injustamente por outros países, tanto amigos quanto inimigos.
Este sistema imediatamente trará justiça e prosperidade de volta ao sistema de comércio anteriormente complexo e injusto. A América ajudou muitos países ao longo dos anos, a um grande custo financeiro. Agora é hora de esses países se lembrarem disso e nos tratarem de forma justa – UM CAMPO DE JOGO IGUAL PARA OS TRABALHADORES AMERICANOS. Eu instruí meu Secretário de Estado, Secretário de Comércio, Secretário do Tesouro e Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) a fazer todo o trabalho necessário para entregar RECIPROCIDADE ao nosso Sistema de Comércio!”
Aço e alumínio
Na segunda-feira, 10, Trump oficializou as tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio.
“Hoje estou simplificando nossas tarifas sobre aço e alumínio. São 25% sem exceções ou isenções”, disse no Salão Oval.
Além do Brasil, o Canadá e o México, que recentemente travaram batalhas sobre sanções com Trump, são os maiores exportadores dos produtos aos EUA.
Com a medida, o presidente americano pretende reduzir as tarifas de importação a produtos americanos, cobradas por outros países.
Segundo o republicano, o governo estuda também a aplicação de tarifas adicionais sobre automóveis, produtos farmacêuticos e chips de computador.
Leia mais: “Vamos aguardar”, diz Alckmin sobre ‘tarifaço’ de Trump
E o Brasil?
No programa Meio-Dia em Brasília, o economista VanDyck Silveira explicou a estratégia adotada pelo republicano.
“Politicamente, ele (Trump) está corretíssimo, uma vez que os Estados Unidos são o país que menos coloca barreiras tarifárias para a compra de produtos importados“, disse o economista VanDyck Silveira no programa Meio-Dia em Brasília.
“Se a gente pensar em reciprocidade, a média de tarifas que os Estados Unidos cobram de produtos brasileiros é algo em torno de 2%. O Brasil, pela mesma toada, taxa os produtos americanos em 14%. Ou seja, o Brasil não tem razão de reclamar“, diz Silveira.
“A única alternativa para o Brasil é baixar suas tarifas e chegar em uma relação mais equilibrada com os Estados Unidos. O Brasil, vale lembrar, é um dos países com as maiores tarifas do mundo, principalmente em relação a produtos americanos“, diz o economista.
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