“Um tiro no pé” do governo Lula
Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola diz que "o governo tem o diagnóstico equivocado, achando que a inflação se controla com medidas intervencionistas"

Presidente do Banco Central durante os primeiros anos do Plano Real, o economista Gustavo Loyola avisou que o governo Lula (à direita na foto) está “dando um tiro no pé” ao encomendar para 2026 “uma inflação ainda alta e juros altos”.
Em entrevista a O Globo, o sócio da Tendências Consultoria disse que a inflação preocupa e que “o governo está agindo na direção contrária à do BC”.
“Na medida em que o governo toma medidas fiscais e creditícias que incentivam a demanda, acaba anulando parte do esforço do BC”, disse Loyola, que esteve à frente do BC de 1992 a 1993 e de 1995 a 1997.
“BC virou um cavaleiro solitário”
Segundo o economista, “como não existe uma política fiscal vista pelos analistas como consistente com as necessidades do endividamento público, isso afeta a cotação do real, que se mantém desvalorizado, e exerce pressão altista sobre os preços”.
“É uma situação que preocupa na medida em que o BC virou um cavaleiro solitário lutando contra a inflação”, constatou Loyola.
O economista criticou a liberação de FGTS de 12 bilhões de reais: “Isso é injeção na demanda. Medidas de crédito que o governo está dando, através de programas, como [reformulação] do consignado privado. O BC faz tudo para reduzir a demanda, o crédito, e vem o governo com uma medida contrária àquilo que o BC está buscando”.
“Tiro no pé”
Segundo Loyola, “o governo está encomendando para o ano que vem uma inflação ainda alta e juros altos“. “Ou seja, dando um tiro no pé. Isso tem lembrado muito o fim do primeiro mandato da presidente Dilma [Rousseff], em que ela fez de tudo para tentar segurar a inflação artificialmente”, completou.
O Antagonista já vem alertando que o governo abandonou Gabriel Galípolo, presidente do BC indicado por Lula, na fronteira contra a inflação.
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC dizer, em ata publicada em 4 de fevereiro, que “a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida”, Lula disse que a alta nos preços está “razoavelmente controlada” e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a inflação brasileira esta em nível normal.
“É para estar preocupado”
Para Loyola, “esse tipo de declaração é inoportuna”.
“Primeiro, você está normalizando um nível de inflação que é muito alto. Segundo, hoje, ele fala que 5% é normal. Amanhã, 6%. Depois, 7% e foi assim que o Brasil chegou onde chegou antes do Plano Real”, comentou o ex-presidente do BC.
“Não é para ficar confortável com 5% de inflação. É para estar preocupado e buscando reduzi-la a patamares internacionais, entre 2% e 3%. O ministro talvez tenha cometido esse erro porque quisesse tirar um pouco do sentimento de apavoramento, de crise imediata, que de fato não existe”, finalizou Loyola.
Leia mais: Governo Lula acordou tarde para a inflação
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Comentários (2)
Angelo Sanchez
11.03.2025 15:17O "descondenado" quer revogar a Lei da Oferta e da Procura, por meios artificiais, porém, não é assim que funciona a Ciência Econômica.
F-35- Hellfire
06.03.2025 22:28Lula, infelizmente, é totalmente despreparado para presidir um país do tamanho do nosso Brasil. Nossas instituições foram torpedeadas pela máfia petista. Não só Lula foi eleito em 2002, como depois do Mensalão, com ajuda do ex-presidente FHC, Lula sobreviveu, foi reeleito, implantou o Petrolão, elegeu a anta Dilma, que foi reeleita, tudo com rios de dinheiro roubado do tesouro nacional. Descalabros, corrupções, incompetências, disseminação de ódios e por fim a Lava Jato provou que a desonestidade, falta de vergonha, falta de ética, de hombridade de moral. Os governos petistas, todos eles, transcorreram sob a falência das nossas instituições, corroídas pelos virus petistas.