Zambelli “exerceu comando direto sobre os crimes”, diz hacker na CCJ
Walter Delgatti Neto alega que só invadiu sistema do CNJ após pedido da deputada; parlamentar o chamou de "mitomaníaco"
O hacker Walter Delgatti Neto disse nesta quarta-feira, 10, que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) “exerceu comando direto sobre os crimes“ de invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos. Tanto Delgatti como a congressista foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal no caso. Em decorrência da condenação, ele está no presídio de Tremembé (SP), e ela encontra-se presa na Itália.
O hacker prestou depoimento, por videochamada, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara nesta quarta, no processo em que o colegiado votará a aplicação da pena de perda de mandato contra Zambelli.
O relator, Diego Garcia (Republicanos-PR), quis saber, na avaliação de Delgatti, qual foi o papel efetivo da deputada no caso do CNJ e se ela apenas apoiou moralmente a prática dos crimes, incentivou indiretamente ou exerceu comando direto sobre eles.
Respondendo a um questionamento do parlamentar ainda, ele disse que só invadiu os sistemas do CNJ após pedido da congressista.
“Ela queria que eu conseguisse comprovar de alguma forma que o sistema era violável. No caso, ela pediu que eu invadisse ou o TSE, ou o CNJ, ou o STF. Que eu conseguisse comprovar que o sistema era violável, pois ela queria desacreditar o discurso, que à época havia, sobre a segurança do sistema de Justiça e do TSE do Brasil”, detalhou.
Segundo ele, sem esse pedido, não teria motivo para invadir os sistemas do CNJ e não tinha interesse nisso.
“No dia em ela pediu que eu invadisse [algum sistema relacionado ao sistema de Justiça], ela me disse assim: ‘se caso você for pego ou processado, você pode falar que quem mandou fazer isso fui eu, você pode falar, que eu assumo isso’. Ela me deu essa garantia. Ela está me ouvindo, ela sabe disso. Ela sabe que ela olhou em meus olhos e me disse ‘você pode falar que fui eu que mandei, que eu responderei por isso’. Quando ela pediu que eu invadisse“, pontuou Delgatti.
“Assim que eu consegui invadir o CNJ e disse para ela o que era possível fazer, ela pediu que eu fizesse um despacho e uma ordem de prisão em desfavor do ministro Alexandre de Moraes. Ela deu essa instrução. Inclusive ela enviou até a síntese da decisão”, declarou também.
Questionado pelo relator se, nesse período, o hacker recebeu algum apoio material ou logístico, Delgatti disse que recebeu apoio financeiro.
“Pois eu disse a ela que eu estava sem emprego à época, e como vazou que eu tive encontro com ela e com o presidente [Jair] Bolsonaro, as pessoas que me ajudavam da esquerda encerram essa ajuda. E foi quando a Carla me fez a promessa de emprego, ela foi enrolando, e fez alguns depósitos como uma ajuda de custo, mas o prometido era o emprego. Então eu fiz isso em troca de um emprego, e ela me disse que, fazendo isso, eu estaria salvando a democracia, o país”.
Conforme o depoente, a promessa do emprego não foi cumprida. “Ela havia prometido emprego, tudo, ela não cumpriu nada, e por esse motivo eu entendi que o que eu fiz foi muito errado, eu fiquei muito arrependido, e acabei contando a verdade [à PF]”, afirmou.
“Mitomaníaco”
Zambelli também foi ouvida no processo na CCJ, por videochamada, nesta quarta. Ela inqueriu o hacker.
“Por que você não contou essa história na PF de que existia um processo de passo a passo e que tem que se colocar lacuna a lacuna cada informação dentro do sistema, e disse que simplesmente tinha feito upload do mandado de prisão que eu tinha te mandando?”, perguntou, em determinado momento.
“Como eu te mandei, tudo você dizendo, eu te mandei, você teve que corrigir o português, porque eu cometi várias falhas de português, só aí já dá para perceber que você mentiu bastante, porque eu não cometo falhas de português principalmente em objetos escritos”.
Ele rebateu: “Eu momento algum eu disse que foi feito upload, eu disse que vossa excelência me enviou o texto e eu coloquei o texto. Eu só não expliquei esse passo a passo que eu disse agora porque não me foi perguntado”.
“Aí você diz que ficou 20 dias na minha casa. Eu estou dizendo que você passou algumas horas lá, e quem quiser acreditar em mim, acredita, quem quiser acreditar em você, acredita. Na verdade, todo esse processo é baseado em fato de que ou a pessoa acredita no Walter, ou a pessoa acredita na Carla”, pontuou a deputada.
Zambelli ainda disse que o hacker tem mitomania – transtorno psicológico que causa compulsão incontrolável de mentir.
“A todo momento desde que eu conheci você, você sempre sabe do que você está falando, como se tudo que você dissesse fosse verdade. Você é um mitomaníaco. Você, por exemplo, tem transtorno de déficit de atenção, tem TDAH e tal”, declarou.
Posteriormente, então, o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), pediu ao hacker e a Zambelli que evitassem adjetivação e discussão paralela.
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Comentários (1)
Fabio B
10.09.2025 16:29E quem abriu todas as portas para o Hacker Vermelho no governo não foi parlamentar do PSOL ou PT, foi a própria Zambeta. A imbecil chegou até a levá-lo para participar de algumas reuniões ministeriais e com o próprio Bolsonaro.