Bolsonaro encurralado
Reportagem da Crusoé destaca a Operação Tempus Veritatis, que deixou a Polícia Federal a um passo do ex-presidente
A reportagem de capa da nova edição da revista Crusoé destaca a Operação Tempus Veritatis, deflagrada na última quinta-feira, 8, e que deixou a Polícia Federal a um passo de Jair Bolsonaro.
Baseada na delação premiada e nos equipamentos eletrônicos do tenente-coronel Mauro Cid, a operação apresentou informações inéditas sobre a célebre “minuta do golpe”, encontrada em 2023 na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Ao contrário do que vinha sendo dito, agora há sinais de que Bolsonaro conhecia o documento e chegou até mesmo a editá-lo.
“Uma das principais novidades do inquérito é a narrativa de uma reunião da cúpula militar e policial do governo federal, convocada em 5 de julho de 2022 por Jair Bolsonaro (as campanhas eleitorais começaram no mês seguinte, em agosto). O tal encontro foi registrado em um vídeo, encontrado no computador de Mauro Cid. Nele, Bolsonaro diz que todos os seus 23 ministros terão de dar declarações questionando a lisura do sistema de votação. O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, afirma que a Comissão de Transparência Eleitoral do TSE é apenas ‘para inglês ver’. Em seguida, no melhor estilo militar, ele se refere ao tribunal como ‘o inimigo’, diz que seus comandados já estão mobilizados pela causa eleitoral de Bolsonaro e que espera a colaboração de outras áreas do governo: ‘O que eu sinto neste momento é apenas na linha de contato com o inimigo. (…) Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido pra que a gente não fique sozinhos no processo’.
Na mesma reunião, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, GSI, Augusto Heleno, um cargo de nível de ministro, também se mostra disposto a usar a estrutura do Estado em favor de Bolsonaro. Ele conta que conversou com o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência, Abin, Victor Carneiro, para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas também adverte sobre o risco de os agentes serem identificados. Em vez de repudiar a ideia, Bolsonaro pede para discuti-la mais tarde. ‘Nesse momento’, narra a PF, ‘o então presidente Jair Bolsonaro, possivelmente verificando o risco em evidenciar os atos praticados por servidores da Abin, interrompe a fala do ministro, determinando que ele não prossiga em sua observação, e que posteriormente ‘conversem em particular’ sobre o que a Abin estaria fazendo.’ Carneiro tinha assumido a Abin em março daquele ano, sucedendo Alexandre Ramagem, que deixou o órgão para se candidatar a deputado federal pelo PL.”
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