Governo vai insistir no arroz estatal de Lula
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que o governo desenha um novo edital para a compra de arroz
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira, 19, que o governo Lula (PT) vai insistir em um novo leilão de arroz. O primeiro certame realizado pelo Executivo precisou ser anulado após suspeitas de irregularidades.
“Vai ter leilão. É um compromisso do presidente Lula que a Conab cumpra o seu papel de ter estoques mínimos para poder atuar, combater especulação”, afirmou o ministro .
O novo edital está sendo desenhado com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU).
O cancelamento do leilão de arroz foi anunciado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no último dia 11, mesmo dia em que o próprio Fávaro anunciou a saída do então o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, do governo. Um ex-assessor de Geller, que também é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão.
Entidades agrícolas e membros da oposição apontaram um suposto favorecimento da corretora do ex-funcionário de Neri Geller na concorrência. O governo anunciou a compra de arroz logo após o início das enchentes no Rio Grande do Sul.
O estado gaúcho é responsável por 70% da produção nacional do grão, mas já havia colhido 80% do cereal antes das inundações. A ideia do governo é de que o arroz seja vendido em pacotes de 5 quilos por um preço tabelado de R$ 20 e com o rótulo do governo.
As suspeitas sobre o leilão de arroz
Como mostrou Crusoé, no leilão realizado no dia 6 deste mês, para a compra de 263,3 mil toneladas de arroz, o governo federal aceitou que um pequeno supermercado, na região central de Macapá, fosse responsável por negociar mais da metade do valor negociado. A Wisley A. de Sousa LTDA, nome empresarial do supermercado “Queijo Minas”, ficaria sob a responsabilidade de entregar 147,3 mil toneladas do grão, em uma transação superior a 736 milhões de reais.
Mais cedo, durante audiência na Comissão de Agricultura do Senado, Carlos Fávaro minimizou as suspeitas de irregularidades sobre o primeiro leilão. A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar o caso.
“Anulou o processo porque faz parte, e é num ato da gestão, combater qualquer tipo de conflito de interesse. É a prevenção. É a prevenção. Não se trata de juízo de valor. É muito importante dizer que a exoneração do ex-ministro Neri Geller não se trata de um ato de juízo de valor”, disse Fávaro.
Em audiência pública na mesma comissão na última terça-feira, 18, Neri Geller afirmou somente ter conversado com Fávaro sobre a sua demissão e negou ter envolvimento com as supostas fraudes.
“Eu não devo. E, por isso, que eu fiquei chateado, sim, com o ministro da Agricultura com a forma como eu saí do governo”, disse.
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