O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), garante que “não bateu arrependimento nenhum” por ter participado de evento com Lula em Santos (SP) e firmado uma parceira com o governo federal para a construção de um túnel para ligar a cidade litorânea ao Guarujá. O ex-ministro de Jair Bolsonaro falou sobre o assunto em entrevista para a CNN Brasil, durante viagem pela Europa em busca de investimentos.

“Se não houvesse essa parceria, esse projeto não sairia do papel”, resumiu o governador, destacando que “o interesse do cidadão de São Paulo, da Baixada Santista, está acima de qualquer coisa, acima da diferença política”. Tarcísio disse ainda: “Somos adversários, não podemos ser inimigos”. 

O comportamento do governador acrescenta a sua imagem de moderado — extremamente incômoda para seus aliados bolsonaristas. Após o encontro entre Tarcísio e Lula, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que enxerga fascismo por todo lado, chegou a provocar em tom de brincadeira, durante a refiliação de Marta Suplicy ao PT, que o presidente da República poderia atrair o governador de São Paulo para sua “frente ampla” contra a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) — impensável que ele dissesse algo assim sobre Bolsonaro.

Armadilha

A troca de amabilidades com o principal adversário foi interpretada, contudo, como uma armadilha do petista para o governador. Lula usou o ex-ministro de Bolsonaro como escada para bancar o estadista, num discurso que o presidente da República faz de forma recorrente, mas que é contrariado pelos seus próprios atos — e por outros discursos menos calculados.

Enquanto o presidente simula urbanidade com um ex-ministro de seu principal adversário, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República ataca os adversários por meios dos canais oficiais do governo. E até a Agência Brasil tem se prestado a fustigar desafetos do governo, com publicações que destoam do resto do conteúdo publicado pelo órgão oficial.