Marta retorna ao PT fingindo que não saiu
Cerimônia de filiação ocorre nesta sexta, 2 de fevereiro, Marta ignorou o motivo de seu rompimento com o partido em 2015 durante seu discurso
Marta Suplicy (PT; foto) voltou a ser filiada do PT em cerimônia na cidade de São Paulo nesta sexta-feira, 2 de fevereiro, após quase dez anos de deixar o partido.
Colega de chapa do deputado Guilherme Boulos (PSOL) para as eleições municipais da capital paulista, a ex-prefeita retornou ao PT fingindo nunca ter saído.
Ela ignorou o motivo de seu rompimento com o partido, em 2015, em meio à Lava Jato, durante seu discurso nesta sexta.
Também não houve menção, claro, ao seu voto a favor no Senado pelo impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.
“Aqui estou de volta ao meu aconchego, ao partido que nunca saiu de mim: o Partido dos Trabalhadores e das trabalhadoras”, disse Marta nesta sexta.
“Participei e assisti ao PT nascer, e crescer, nas ruas do Brasil e dentro da minha casa”, acrescentou.
Sobre voltar ao partido, ela apenas afirmou: “Regresso com toda a coragem e ousadia que marcaram minha vida e história” e que retorna ao partido “mais madura e mais experiente”.
“Entendo que unir e somar é o nosso grande desafio”, acrescentou.
Marta pode ter filiação impugnada?
Valter Pomar, membro do Diretório Nacional do PT e secretário-executivo do Foro de São Paulo de 2005 a 2013, promete seguir em sua batalha contra o retorno de Marta ao partido. Em texto publicado em seu blog na quarta-feira, 31, Pomar rebate declaração do ex-deputado Adriano Diogo, também petista, que ele descreve como “grande militante, dos que combateram contra a ditadura e seguiram pela esquerda desde então”.
Diogo propôs, em entrevista a um blog petista, erguer uma estátua para Marta. “Na minha opinião, a entrevista de Adriano chega a ser sóbria, quando comparada a um vídeo onde Marta é apresentada ao som da clássica ‘De volta para o aconchego’”, analisa Pomar.
“Outra coisa”
O dirigente petista pondera: “Sem dúvida, a gestão da então petista Marta como prefeita de São Paulo tem enormes méritos. E quem a defende como vice de Boulos, a começar pelo próprio, tem a expectativa de que estes méritos passados movam moinho. Da minha parte, espero que tenham razão”.
“Mas, como já disse noutras oportunidades, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma coisa é aceitar a Marta como vice, outra coisa é recebê-la de volta no PT, como se fossemos uma legenda eleitoral, não um Partido”, reclama o dirigente partidário, que segue na análise:
“Adriano Diogo, óbvio, sabe a diferença entre legenda e Partido. Talvez por isso mesmo ele opte por contar uma história um pouco diferente daquela que realmente aconteceu.
Para não cansar ninguém, me limito ao seguinte trecho: segundo Adriano Diogo, Marta ‘foi uma das molas propulsoras da eleição da Dilma Rousseff. Depois, lá no governo, houve um desentendimento em que ela errou naquele simbolismo de levar flores para Janaina Paschoal perto daquela senadora do Rio Grande do Sul. Ela errou. Mas a gente precisa ver na política os antecedentes. É uma maravilhosa notícia que a Marta volte ao PT’.“
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