Procura-se um líder de direita
Jair Bolsonaro levou dois dias para se recuperar da derrota de domingo. Seu silêncio contribuiu para a paralisação dos caminhoneiros e ainda alimenta teorias conspiratórias entre aliados. É uma pena. O fechamento das rodovias trouxe caos à vida de milhares de brasileiros, inclusive eleitores do presidente -- ou seriam agora ex-eleitores?...
Jair Bolsonaro levou dois dias para se recuperar da derrota de domingo. Seu silêncio contribuiu para a paralisação dos caminhoneiros e ainda alimenta teorias conspiratórias entre aliados. É uma pena. O fechamento das rodovias trouxe caos à vida de milhares de brasileiros, inclusive eleitores do presidente — ou seriam agora ex-eleitores?
Mesmo depois de quase quatro anos de mandato, Bolsonaro parece não ter entendido a liturgia do cargo, a simbologia dos gestos. Se houvesse, teria reconhecido imediatamente a derrota de domingo, ligado para Lula e lhe desejado “boa sorte”, considerando a pedreira que o petista vai encarar no Congresso.
Como escrevi na segunda, Arthur Lira estuda a formação de uma federação entre PP, PL, União Brasil, PSD e Podemos, aliança com potencial para dominar a pauta legislativa, garantindo o avanço da atual agenda de reformas, com apoio da Faria Lima.
Em vez de agir como derrotado, fugir da imprensa por dois dias e se humilhar aos togados do Supremo, Bolsonaro deveria ter comemorado, logo de cara, os 58 milhões de votos que recebeu — 400 mil a mais que em 2018 e um ganho de 7 milhões em relação ao primeiro turno.
Deveria também ter agradecido a governadores, prefeitos, deputados e senadores, além de empresários, artistas e esportistas que se engajaram em sua campanha na reta final. Campanha que enfrentou um inédito e surpreendente arco de alianças que envolveu até parte do Judiciário.
O antipetismo está vivo e segue em busca de um líder popular – não populista. É um movimento poderoso, capaz de deter qualquer projeto de “venezuelização” do país, influenciando o processo decisório e pavimentando o caminho da centro-direita ao Executivo em 2026.
Foi o antipetismo que elegeu o carioca Tarcísio de Freitas governador de São Paulo, o estado mais forte da federação — impondo mais uma derrota ao PT e a Fernando Haddad. Foi o antipetismo que fez o PL eleger, também de forma inédita, dois governadores (RJ e SC), 99 deputados e mais 8 senadores — somando 14 das 81 cadeiras.
A partir de agora, será preciso um aguçado instinto político, além de enorme capacidade de articulação, para canalizar esse sentimento presente em metade da população, que não aceita o retrocesso. O processo seletivo está aberto.
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