A História da Pandemia por Covid-19 no Brasil e no Mundo A História da Pandemia por Covid-19 no Brasil e no Mundo
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O coronavírus está no comando

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8 minutos de leitura 24.12.2020 14:00 comentários
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O coronavírus está no comando

O novo coronavírus foi descoberto na China no final de 2019, mas só alcançou outros países e se tornou a maior pandemia do século em 2020. Ainda em janeiro, a China registrou as primeiras mortes por Covid-19, a doença causada pelo vírus...

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O coronavírus está no comando
Imagem: Geralt/Pixabay

O novo coronavírus foi descoberto na China no final de 2019, mas só alcançou outros países e se tornou a maior pandemia do século em 2020.

Ainda em janeiro, a China registrou as primeiras mortes por Covid-19, a doença causada pelo vírus SARS-CoV-2.

A Tailândia foi o primeiro país, depois da China, a confirmar um caso da doença, em 13 de janeiro. Logo depois, houve registros no Japão, na Coreia do Sul e em Taiwan.

Em 9 de fevereiro, 34 brasileiros que estavam na cidade chinesa de Wuhan, o primeiro epicentro do surto de coronavírus no mundo, foram repatriados.

Eles passaram 18 dias em quarentena na Base Aérea de Anápolis, em Goiás, juntamente com a equipe enviada para realizar o resgate. Nenhum deles estava com a doença.

Em 26 de fevereiro, o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no Brasil. O Instituto Adolfo Lutz confirmou a infecção de um homem de 61 anos que tinha feito uma viagem a trabalho para a Itália.

O país europeu foi o segundo epicentro da pandemia, com uma rápida ascensão de infecções, além de casos de mortes por falta de respiradores.

Imagens de caminhões do Exército transportando corpos de pessoas mortas pela doença, para serem cremados, chocaram o mundo.

A Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia apenas em 11 de março. No Brasil, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a entidade havia demorado a reconhecer o cenário.

No mesmo dia, o presidente Donald Trump anunciou a suspensão de todas as viagens da Europa para os Estados Unidos.

Também em março, metade da comitiva do presidente Jair Bolsonaro que viajou à Flórida foi diagnosticada com o novo coronavírus. O primeiro a testar positivo foi o secretário de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten.

Durante a viagem, Bolsonaro afirmou que a pandemia “não era tudo isso” e que não passava de uma fantasia.

A primeira morte pela doença no Brasil foi registrada em 17 de março, em São Paulo. A vítima foi um homem de 62 anos. Duas semanas depois, o número de mortes no país passou de cem.

Municípios e estados começaram então a publicar decretos definindo normas de isolamento social. O estado de São Paulo, o mais atingido pela pandemia, decretou estado de calamidade pública em 20 de março.

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo chegou a acionar seis vezes o chamado circuit breaker. A alta do dólar atingiu níveis históricos.

As medidas de distanciamento social e o fechamento do comércio considerado não essencial escancararam os conflitos de Bolsonaro com os governadores.

A briga foi especialmente tensa com João Doria que, segundo o presidente, é um bosta que faz demagogia no enfrentamento à pandemia.

Um pronunciamento do presidente da República, transmitido em rede nacional no dia 24 de março, deu a dimensão da guerra.

No discurso, Bolsonaro criticou as medidas adotadas por governadores e prefeitos, pediu o fim do isolamento e comparou a Covid-19 a uma “gripezinha” ou “resfriadinho” – ele chegou a dizer que o número de mortes não chegaria a 800.

Poucos dias depois, o governo aprovou o R$ 600 de auxílio emergencial para atender a trabalhadores informais afetados pela crise. O valor aprovado foi três vezes maior do que o inicialmente proposto pela equipe econômica.

Nesse meio tempo, a cloroquina virou o foco do debate nacional. O remédio, usado no tratamento da malária e artrite, começou a ser usado para tratar da Covid-19 com base em estudos preliminares.

O maior estudo já feito sobre o medicamento e sua derivada hidroxicloroquina — realizado com 96 mil pacientes em 671 hospitais espalhados pelo mundo — mostrou que as drogas não forneciam nenhum benefício aos pacientes internados com Covid-19. Pior: aumentavam o risco de arritmias e mortes.

Mesmo assim, Bolsonaro virou o maior propagandista do remédio: “Quem for de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma tubaína“, afirmou.

A cloroquina não curou ninguém, mas ajudou a derrubar dois ministros. Depois da saída de Mandetta do Ministério da Saúde, o oncologista Nelson Teich pediu demissão antes de completar um mês no cargo, por não aceitar a imposição do medicamento pelo Planalto.

Deu lugar ao general-soldado Eduardo Pazuello, que obedeceu cegamente as ordens do chefe, mandando o Exército ampliar os estoques de cloroquina. Meses depois, a corporação informou ao TCU que comprou o remédio para levar “esperança a milhões de corações aflitos”.

Em abril, o estado de Nova York tornou-se o novo epicentro da pandemia no mundo.

O sistema de saúde atingiu a capacidade máxima. As medidas diárias anunciadas pelo governador Andrew Cuomo contra a doença deram a dimensão da tragédia sanitária vivida no estado.

Um navio-hospital militar com mil leitos foi ancorado na ilha de Manhattan, para atender a pacientes com a doença e aliviar a situação dos hospitais lotados.

Nesse mesmo mês, o coronavírus já havia se espalhado por todo o território brasileiro e o número de mortos passou de mil. Um mês depois, o total de mortes já ultrapassava os 10 mil. Em agosto, o país atingiu a trágica marca de 100 mil óbitos.

Em entrevista, Trump afirmou em agosto que os Estados Unidos já teriam 2 milhões de mortes, se seguissem o mau exemplo do Brasil. Nos EUA, autoridades americanas emitiram alertas para que os cidadãos não viajassem para o país.

No segundo semestre, o Brasil começou a flexibilizar a quarentena e liberou a abertura parcial do comércio.

A descoberta de uma vacina contra a Covid-19 tornou-se a maior preocupação do mundo no ano. Vários laboratórios realizaram pesquisas e testes em busca de um imunizante eficaz.

Enquanto a Rússia registrou a vacina Sputnik V; a Pfizer, em parceria com a BionTech, e a Universidade de Oxford, em conjunto com AstraZeneca, continuaram suas testagens.

Em 28 de setembro, o novo coronavírus já havia matado mais de 1 milhão de pessoas no mundo todo. Quase um mês depois, o número é quase o dobro: mais de 1,7 milhão.

Rússia e Reino Unido foram os primeiros países a iniciar a vacinação em massa. Foram seguidos por Estados Unidos e Canadá. Nos EUA, a vacina da Pfizer foi a primeira a ter o uso emergencial aprovado pelas agências reguladoras. A da Moderna foi a seguinte.

O presidente eleito, Joe Biden, já tomou sua picada em 22 de dezembro.

No Brasil, porém, Jair Bolsonaro insiste em debochar da Covid-19, diz que a pandemia está no fim e que a “pressa pela vacina não se justifica”. Num evento em Porto Seguro, ironizou o imunizante da Pfizer: “Se você virar um jacaré, é problema de você.”

O presidente voltou a comprar briga com o governador de São Paulo, João Doria, que prometeu iniciar a vacinação em 25 de janeiro, ainda que a Coronavac não tenha sido liberada pela Anvisa.

Num primeiro momento, Bolsonaro mandou Eduardo Pazuello cancelar o contrato para a compra de 46 milhões de doses do imunizante, mas depois voltou atrás, com medo de um processo de impeachment.

A disputa política mobilizou governadores em todo o país e acabou forçando o governo federal a incluir a vacina do Instituto Butantan em seu plano de imunização. A Anvisa certificou o laboratório Sinovac e ainda aprovou novo regulamento para uso emergencial de vacinas aprovadas por agências internacionais.

Bolsonaro assinou a medida provisória liberando R$ 20 bilhões para a compra de imunizantes e a Câmara aprovou projeto liberando a utilização do superávit de 29 fundos públicos, em um total de R$ 177,7 bilhões, para pagar despesas do auxílio emergencial, socorro a estados e municípios e outros gastos relacionados à pandemia de Covid-19.

Em 12 de dezembro, a pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello apresentou ao Supremo Tribunal Federal um plano nacional de vacinação. Mas o texto, que também motivou um evento no Planalto, ainda não trouxe qualquer cronograma para a imunização.

No dia 23, João Doria disse que o Instituto Butantan apresentaria o resultado da terceira fase de testes da Coronavac, mas o anúncio não aconteceu.

Enquanto o número de casos diários da doença volta a bater recorde e o país se aproxima das 200 mil mortes, a população brasileira segue sem perspectiva de quando poderá receber uma vacina para retomar, de forma plena, suas atividades sociais e econômicas.

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