A ONG Transparência Internacional criticou nesta segunda-feira, 29, a insistência do presidente Lula (PT) em manter o ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA, foto) no cargo, apesar dos constantes indícios de envolvimento do ministro em casos de corrupção.

Ao comentar a reportagem “Relatório da CGU aponta benefício ilegal a ministro de Lula e desvio em obra da Codevasf”, da Folha de S.Paulo, a organização de combate à corrupção lembrou que o petista prometeu, no início de seu terceiro governo, afastar “quem fizesse coisa errada”.

O chefe do Palácio do Planalto, no entanto, “não mexe no craque do Centrão”.

“Lula prometeu afastar ‘quem fizesse coisa errada’.

Juscelino já foi envolvido em suspeitas de nepotismo, abuso do cargo e desvio de função. A denúncia envolvendo sua fazenda é conhecida desde o começo do governo. Agora a CGU confirma.

Mas Lula não mexe no craque do Centrão”, escreveu a Transparência Internacional na rede social X, antigo Twitter.

O relatório da CGU

Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), ao qual o jornal teve acesso, mostrou que a pavimentação de 80% de uma estrada financiada com emenda parlamentar de Juscelino Filho, quando exercia o mandato de deputado federal, beneficiaria apenas o atual ministro das Comunicações do governo Lula (PT) e seus familiares.

A manifestação da CGU data do início de março e reforça a suspeita apurada pela Polícia Federal na operação Odoacro, que investiga o ministro de Lula por suspeita de integrar uma organização criminosa responsável por desvios de dinheiro em obras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na cidade de Vitorino Freire (MA), administrada por sua irmã, Luanna Rezende.

No documento, a CGU também afirmou que o trecho entre as propriedades da família do ministro beneficiado com a pavimentação já havia sido favorecido por uma obra de 2,5 milhões de reais em 2017.

Outras acusações

Além da denúncia envolvendo o desvio de emendas enquanto exercia seu mandato de deputado federal, Juscelino também já foi acusado de utilizar o voo da Força Aérea Brasileira (FAB) e receber diárias pagas pelo governo para participar de leilões de cavalos de raça que chegam a valer mais de 1 milhão de reais, favorecer aliado com concessão de 31 retransmissoras de TV e permitir que o sogro despachasse de seu gabinete mesmo sem ter cargo público.

Embora tenha dito aos ministros, quando circularam fotos de Daniela do Waguinho, ex-ministra do Turismo, com um integrante da milícia na Baixada Fluminense, que “quem fizesse coisa errada” sairia do governo, Lula não mexe com o político do União Brasil, partido que conta com 58 deputados.