Bolsonaro imprimiu “minuta do golpe” por ter problema de visão, diz defesa
Advogados enviaram a Alexandre de Moraes documento em que cita um problema de visão do ex-presidente para justificar a impressão da minuta
A defesa de Jair Bolsonaro (PL; foto) enviou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, documento em que cita um problema de visão do ex-presidente para justificar a impressão da “minuta do golpe”.
Os advogados argumentam ainda que Bolsonaro “jamais participou ou mesmo conhecia tais ‘minutas golpistas’”.
“O ex-presidente não tem o costume de fazer a leitura de textos no próprio telefone celular, certamente em razão das dimensões limitadas da tela e a necessidade hodierna de uso de lentes corretivas, razão porque pediu à sua assessoria a impressão do documento em papel”, disseram no comunicado enviado a Moraes na sexta-feira, 9.
A nota afirma ainda que, “tendo tomado conhecimento da existência só e somente por conta da apreensão do telefone do tenente-coronel Mauro Cid, e a partir do acesso que lhe foi legalmente oportunizado por seu advogado constituído na investigação, que identificou tais elementos.”
Na quinta-feira, 8, a Polícia Federal encontrou na sede do PL um documento que defende e anuncia a decretação de um Estado de Sítio e da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país. Em nota divulgada nesse mesmo dia, a defesa do ex-presidente afirmou que a minuta é apenas uma cópia de documento citado em investigação.
Segundo o comunicado divulgado pela defesa de Bolsonaro, o documento foi encontrado no celular do ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, preso em maio.
O ex-presidente então teria solicitado uma cópia citada pelas investigações da PF. Ele a teria recebido de seu advogado, Paulo da Cunha Amador Bueno, por celular em 18 de outubro.
Minuta final
A Polícia Federal encontrou, nos arquivos apreendidos na sede do PL um texto que seria a “minuta final” de um golpe de Estado. Com a leitura e validação do então presidente Jair Bolsonaro, haveria a decretação de um estado de sítio no país.
O documento foi apreendido como parte da Operação Tempus Veritatis, a principal investida contra Bolsonaro e o alto escalão de seu governo pelo planejamento de um golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.
Os fragmentos indicam que o texto se trata de um discurso que seria lido por Bolsonaro.
Há trechos que se assemelham aos chavões do ex-presidente: “Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem”, lê-se no último parágrafo.
O objetivo era impedir a diplomação e posse de Lula, revertendo os resultado eleitoral. A operação de hoje levou preso o assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe G. Martins, além de Valdemar Costa Neto (foto), o presidente do PL, por estar com uma arma sem seu devido registro. Ele também foi pego com ouro de origem ilegal no escritório do PL.
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