Hamilton na Ferrari: um heptacampeão sob pressão
A temporada de Lewis Hamilton, até agora, é um desalento com lampejos de esperança

Cinco corridas em 2025, e Lewis Hamilton parece um peixe fora d’água na Ferrari. O heptacampeão, que chegou a Maranello com pompa de popstar e a aura de quem poderia ressuscitar o time vermelho, está patinando.
A temporada, até agora, é um desalento com lampejos de esperança — como aquela pole e vitória na sprint na China. Mas, no geral, vemos muita inconsistência que faz até o torcedor mais otimista coçar a cabeça e se perguntar o que está acontecendo com Lewis.
O carro, o tal SF-25, não é exatamente o ápice da engenharia italiana. Exige um estilo de pilotagem que, assim como os monopostos da sua antiga equipe, Mercedes, parece não casar com o de Hamilton.
Freio motor, estabilidade traseira, comportamento em alta velocidade: tudo isso é um quebra-cabeça que o inglês ainda não montou.
Charles Leclerc, o “príncipe de Mônaco”, já acostumado ao jeitão dos carros italianos, parece já ter decifrado boa parte do enigma e tem sido mais rápido e se mostrado mais à vontade.
Na Arábia Saudita, na semana passada, a diferença de 0,3s em setores específicos escancarou a falta de confiança de Hamilton na traseira arisca do carro. É como se ele pisasse no acelerador com um pé e no freio com a alma.
A coisa piora quando olhamos as escolhas de regulagem do carro. Hamilton estaria insistindo em caminhos diferentes dos de Leclerc. Às vezes, dá certo, como no Bahrein, onde arrancou um 5º lugar numa recuperação que animou muita gente, ele proprio, inclusive.
Mas, na maioria das vezes, tem sido um passo atrás. O 10º lugar na Austrália e a desclassificação dupla na China (um vexame coletivo da Ferrari) são retratos de um time que ainda não sabe o que quer — e de um piloto que não sabe como domar a fera.
A pressão é gigantesca. Não é qualquer um que carrega o peso de ser heptacampeão e desembarca na Ferrari como a grande aposta para acabar com anos de jejum. A comparação com Leclerc é inevitável e, hoje, cruel.
O monegasco, com seu talento cristalino e confiança para trabalhar aspectos que não gosta no carro que também lhe parece imperfeito. Enquanto isso, Hamilton, aos 40 anos, tenta provar que ainda é o presente. Só que o presente, por enquanto, é uma sequência de resultados que não condizem com seu currículo.
A mudança da Mercedes, onde ele era o piloto principal, para a Ferrari, com sua política interna e exigências técnicas, é um choque cultural. Hamilton sempre foi de experimentar setups, de fuçar onde ninguém fuça. Na Mercedes, até 2021, isso virava ouro.
Na Ferrari, vira interrogação. As próximas corridas — Miami, Ímola — vão ser um termômetro. Se ele não dar sinais que pode virar o jogo, 2025 pode ser uma temporada difícil para o emocional dele.
Olhando para frente, 2026, com novas regras, pode ser a luz no fim do túnel. Um recomeço para todos. Mas, até lá, Hamilton precisa sobreviver ao SF-25, a Leclerc brilhando ao seu lado e à torcida italiana, que não perdoa deslizes.
Ele é um gênio, ninguém nega. No momento, é um gênio um pouco perdido nesse regulamento que estreou em 2022 e que não parece lhe dar alívio agora que seu carro foi projetado por engenheiros de roupa vermelha. Mas o relógio não para.
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