Guerra das Bananas: bolsonaristas e petistas perderam a noção
Não sei do que tenho mais saudade: se do Casseta e Planeta ou da mediocridade política daqueles tempos, bem mais divertida que a de hoje

A mediocridade do debate político brasileiro só não é maior que boa parte dos nossos políticos e da política nacional em si. Quem imagina que apenas o Brasil é uma república bananeira, precisa olhar melhor para Minas Gerais – ao que parece, ex-terra do pão de queijo e do Galo mais amado do mundo, e agora a casa da banana, sô.
Tentando dar uma de Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal mais votado da história do Brasil e expert em “causar” nas redes sociais – o que apenas reforça o parágrafo inicial – o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), querendo “lacrar” sobre a alta da inflação no país, gravou e publicou um vídeo comendo banana com casca.
Na boa, eu não sei o que ficou pior: se o roteiro, a fala, as caretas ou o comportamento juvenil, não condizente com a estatura política e os cabelos grisalhos de Zema. O fato é que a besteira foi feita e deveria, para o bem político do governador, ser esquecida o quanto antes. Mas ele precisaria ajudar e… não ajudou!
Não basta errar; tem de insistir
Chico Bento – apelido carinhoso dado pelos mineiros ao chefe do executivo estadual, em alusão ao personagem caipira de Maurício de Souza -, não satisfeito em passar vergonha uma vez, dobrou a aposta e gravou um novo vídeo. Desta feita, além de criticar o governo Lula, deu receita de geleia de casca de banana. Bem, fazer o que, né?
Obviamente, autoridades e aliados do governo federal reagiram ao (primeiro) vídeo de Zema. O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), rebento do ilibadíssimo e ilustríssimo Renan Calheiros, também do MDB alagoano, foi um que partiu para a briga ginasial com o governador mineiro, e também divulgou um vídeo nas redes sociais.
Ato contínuo, a “criançada” de Minas – ainda que com seus vinte ou trinta anos de idade -, notadamente dois vereadores eleitos para um primeiro mandato em Belo Horizonte, respectivamente Pablo Almeida (PL) e Pedro Rousseff (PT), com inveja e um certo medo de perderem o lugar no fundão da quinta série, aderiram à guerra das bananas.
Quem não tem banana, saúda a mandioca
Pablo, por ter sido assessor parlamentar de Nikolas, foi o vereador mais votado nas eleições do ano passado para a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), o que, novamente, reforça o primeiro parágrafo deste texto. Já Rousseff, sobrinho de Dilma, comprova a célebre tese popular de que: “quem sai aos seus não degenera“.
Ambos protagonizaram uma patética troca de ofensas. O bolsonarista comparou o petista à tia: “Pensei que ele iria saudar a banana, coisa de família, assim como sua tia saudou a mandioca”. Pedro levou uma banana para o plenário da Câmra, para zombar de Zema e também de Nikolas, aliado do governador. Por isso a referência à fruta.
Já Dilma, anos atrás, em evento público, literalmente fez uma saudação à mandioca, daí a correlação entre a tia e o sobrinho, que não deixou barato e, questionado por um jornalista local, em mensagem respondeu: “Ao invés de se preocupar com Belo Horizonte, o Nikolas da Shopee parece mais interessado na minha banana”.
Yes, nós temos pão de queijo
Imagino que, por ira, o petista tenha trocado Pablo por Nikolas, pois é o que o complemento da mensagem dá a entender: “Deve ter aprendido a mentir e dissimular com seu chefe, que passa vergonha na Câmara de peruca”. Nikolas, certa vez, usou uma peruca loira na Câmara dos Deputados para ofender transsexuais (olha o primeiro parágrafo aí outra vez).
Em 2000, o então governador de Minas, Itamar Franco, e o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, se estranharam por conta de uma ameaça de invasão à fazenda do filho do presidente, em Buritis (MG). FHC mobilizou o Exército e Itamar, por sua vez, acionou a Polícia Militar para conter a possível invasão do MST.
À época, o mineiro ameaçou um confronto entre PM e tropa federal, caso o presidente não determinasse a retirada do Exército. Um programa de humor – ótimo, por sinal, Casseta e Planeta – não perdeu a oportunidade e produziu um quadro, “A Guerra do Pão de Queijo”, com Itamar Franco portando um estilingue, atirando a iguaria contra FHC.
Bons tempos não voltam mais
Não sei do que tenho mais saudade: se do Casseta e Planeta ou da mediocridade política daqueles tempos, bem mais divertida que a de hoje. Até porque, guerra por guerra, entre bananas e pães de queijo, prefiro o Kaol (arroz, ovo e linguiça, com cachaça) do Palhares, tradicional boteco de BH, e torresmo de barriga. Aprendam, crianças!
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Comentários (2)
Luiz Filho
15.02.2025 15:15Se é guerra entre petistas e bolsonaristas , a guerra é DOS bananas. CORRUPTOS X PATRIOTARIOS
Marcia Elizabeth Brunetti
14.02.2025 15:44Não dá mais para aceitar essas palhaças, mas como fazer? Quem votou nesses figuras? Tenho certeza que eles sequer sabem desses desdobramentos. E, se sabem, devem ainda estar pensando com os seus botões se vale apoiar ou não.