Cid Gomes orquestrou a derrubada da indicação de 'lavajatista' para o CNMP Cid Gomes orquestrou a derrubada da indicação de 'lavajatista' para o CNMP
O Antagonista

Cid Gomes orquestrou a derrubada da indicação de ‘lavajatista’ para o CNMP

avatar
Diego Amorim
4 minutos de leitura 02.12.2021 11:37 comentários
Brasil

Cid Gomes orquestrou a derrubada da indicação de ‘lavajatista’ para o CNMP

O Antagonista apurou que o senador Cid Gomes (foto), do PDT do Ceará, irmão do presidenciável Ciro Gomes, foi quem orquestrou a rejeição do nome de Paulo Marcos de Farias para compor o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Como noticiamos, dos 66 senadores que participaram da votação, 36 votaram a favor de nomear o magistrado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina para o CNMP...

avatar
Diego Amorim
4 minutos de leitura 02.12.2021 11:37 comentários 0
Cid Gomes orquestrou a derrubada da indicação de ‘lavajatista’ para o CNMP
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O Antagonista apurou que o senador Cid Gomes (foto), do PDT do Ceará, irmão do presidenciável Ciro Gomes, foi quem orquestrou a rejeição do nome de Paulo Marcos de Farias para compor o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Como noticiamos, dos 66 senadores que participaram da votação, 36 votaram a favor de nomear o magistrado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina para o CNMP e 27 foram contra, além de 3 abstenções. Eram necessários 41 votos para a aprovação.

Três senadores de partidos diferentes confirmaram a este site, em reservado, que Cid estava, até momentos antes da votação, pedindo votos contrários a Farias.

Ligamos para o senador e perguntamos se ele votou a favor ou contra a indicação. Ele respondeu, sorrindo:

“O voto é secreto.”

Perguntamos, então, se Cid trabalhou contra a indicação. Ele respondeu, após um silêncio:

“Se o voto é secreto, a ação também é secreta.”

Em 3 de março de 2020, Paulo Marcos de Farias havia tido sua indicação, feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde a votação também é secreta. Na ocasião, os 17 senadores presentes avalizaram a indicação e aprovaram um requerimento de urgência para que a matéria fosse logo levada ao plenário.

Na semana seguinte, porém, a pandemia da Covid começaria no Brasil, adiando o desfecho da tramitação. Desde então, mesmo após o retorno das atividades presenciais no Congresso mais de um ano depois, senadores contrários à Operação Lava Jato passaram a trabalhar, nos bastidores, para deixar em banho-maria a indicação de Farias.

Durante a Lava Jato, o juiz trabalhou com Teori Zavascki, morto em 2017 em um acidente aéreo. Desde 2019, ele é auxiliar do ministro Edson Fachin, que assumiu a relatoria das ações da operação no Supremo.

Em sua sabatina, Farias relembrou o périplo que fizera por gabinetes dos senadores e prometeu, se aprovado, “estreitar os laços entre o CNMP e o CNJ”. O juiz também fez um “compromisso de diálogo com o Senado”.

O relator da indicação do magistrado catarinense na CCJ do Senado foi o senador conterrâneo Jorginho Mello (PL), então vice-presidente do colegiado, com quem este site não conseguiu contato hoje. Na sessão às vésperas do início da pandemia, Mello elogiou o currículo do indicado e deu como certa a aprovação no plenário:

“Boa sorte e sucesso na sua nova função. Pelo andar da carruagem, está tudo andando bem para a votação. Vamos levar [a indicação] para o plenário e vamos fazer a votação.”

Leia clicando aqui o parecer de Jorginho Mello favorável à indicação de Paulo Marcos de Farias.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), então presidente da CCJ, ao proclamar o resultado da aprovação unânime da indicação de Farias em 2020, também desejou boa sorte ao magistrado indicado pelo STF, deixando claro que a sabatina e a votação no Senado eram rituais protocolares. “O que nós fazemos aqui nada mais é que confirmar e ratificar essas indicações.”

Quando Rodrigo Pacheco anunciou o tal “esforço concretado” para votar nesta semana as indicações de diversas autoridades que estavam pendentes, senadores pró-Lava Jato pediram ao presidente do Senado que não se esquecesse de Paulo Marcos de Farias. Pacheco prometeu pautar a indicação no mesmo dia da análise de André Mendonça, “para garantir quórum no plenário”.

Ontem à noite, depois de 21 meses de espera, Farias não alcançou os votos necessários para concretizar sua a indicação para o CNMP.

“Foi uma vitória da turma anti-Lava Jato, que trabalhou muito para derrotar a indicação do juiz. Eles chegaram a comemorar no plenário. A razão da não aprovação foi uma só: o fato de ele ser ligado aos ministros que relataram a Lava Jato no STF. A aprovação do Mendonça no mesmo dia foi só um empurrãozinho, porque os anti-lavajatistas ainda sonhavam em derrotar Mendonça e emplacar Augusto Aras ou Humberto Martins. Quiseram dar um troco”, disse a este site um experiente senador, que acompanhou toda a movimentação de Cid Gomes nos bastidores.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

"Meu defeito foi jogar limpo”, diz Bolsonaro. Não imagino o que seria sujo

Visualizar notícia
2

E agora, Marta?

Visualizar notícia
3

Coronel ligado a Bolsonaro criticou inação e cogitou pressão sobre Lira

Visualizar notícia
4

Marilena Chauí entra em lista de professores negros da USP. O que isso significa?

Visualizar notícia
5

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Visualizar notícia
6

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
7

O contraste entre o NYT e a imprensa lulista

Visualizar notícia
8

Jojo Todynho: "Me ofereceram R$ 1,5 mi para fazer campanha ao Lula"

Visualizar notícia
9

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
10

Juíza rejeita acusação contra Trump sobre invasão ao Capitólio

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
2

Dino virou fiscal de cemitério?

Visualizar notícia
3

O contraste entre o NYT e a imprensa lulista

Visualizar notícia
4

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Visualizar notícia
5

Juíza rejeita acusação contra Trump sobre invasão ao Capitólio

Visualizar notícia
6

O vitimismo de Bolsonaro após o indiciamento

Visualizar notícia
7

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
8

Marilena Chauí entra em lista de professores negros da USP. O que isso significa?

Visualizar notícia
9

Jojo Todynho: "Me ofereceram R$ 1,5 mi para fazer campanha ao Lula"

Visualizar notícia
10

Por que Biden poupou perus em feriado dos EUA?

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

CCJ do Senado Cid Gomes CNMP Lava Jato Paulo Marcos de Farias Senado STF
< Notícia Anterior

Índia confirma primeiros casos da variante Ômicron

02.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Mendonça vai ao Planalto para ver Bolsonaro e descobre que ele está no Rio

02.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Diego Amorim

Se formou em jornalismo pela UnB. Trabalhou no Blog do Noblat e no Correio Braziliense. Gosta da notícia e dos bastidores dela em qualquer área. Entre outros prêmios, ganhou duas vezes o Esso de Informação Econômica e duas vezes o Embratel. Está em O Antagonista desde abril de 2016, quando se juntou à equipe para a cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. Desde então, não tem dado sossego a políticos de todos os partidos em Brasília. É chefe de redação de O Antagonista em Brasília.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

"Não vejo risco para a democracia", diz Temer

Visualizar notícia
Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Bolsonaro: "Todas as medidas, dentro das quatro linhas, eu estudei"

Deborah Sena Visualizar notícia
Cidade de São Paulo tem a melhor qualidade de vida para idosos

Cidade de São Paulo tem a melhor qualidade de vida para idosos

Visualizar notícia
Vai ser nesta semana, Haddad?

Vai ser nesta semana, Haddad?

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.