Ciro Nogueira, a cara do vale tudo na política Ciro Nogueira, a cara do vale tudo na política
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Ciro Nogueira, a cara do vale tudo na política

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 20.03.2024 12:02 comentários
Análise

Ciro Nogueira, a cara do vale tudo na política

Farejando uma vaga de vice nas eleições de 2026, senador corteja bolsonaristas e normaliza até convite a militares para golpe de Estado

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Carlos Graieb
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Ciro Nogueira, a cara do vale tudo na política
Ciro Nogueira. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Ciro Nogueira farejou a possibilidade de ocupar a vaga de vice numa chapa presidencial bolsonarista nas eleições de 2026. Pode ser com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, ou talvez com outro nome. Michelle?

O fato é que enquanto essa chance existir, o senador e presidente do PP deve continuar compondo a tropa de choque que procura desqualificar as acusações – cada vez mais sólidas – contra Jair Bolsonaro.  

Pode ser que a coisa mude se alguém tentar bloquear suas ambições. Nogueira já foi lulista e disse que “seguiria Lula até o fim” – o mesmo que afirma hoje em dia a respeito do ex-presidente encrencado.  

Defesa de Bolsonaro

Nogueira já defendeu Bolsonaro na questão das joias (“não tem cara de ladrão”) e do cartão de vacina falsificado (“é um homem correto”). Ele, inclusive, pôs a estrutura do PP à disposição da defesa de Bolsonaro para que Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) fossem enviadas ao STF sobre esses dois assuntos. ADPFs só podem ser ajuizadas por um número restrito de autores, entre os quais, partidos políticos.  

Na terça-feira, 19, o senador piauiense trocou sopapos pelas redes sociais com o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Jr..  

No depoimento que prestou recentemente à Polícia Federal, o militar disse que seu colega Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, ameaçou prender Bolsonaro caso ele insistisse na ideia de um golpe para não deixar o poder. 

Pouco antes, o então presidente teria mostrado aos chefes das Forças Armadas uma minuta de decretação de Estado de Sítio, com intervenção na Justiça Eleitoral. 

Pelo X, Ciro Nogueira disse que Freire Gomes é um “criminoso inconteste”: “Ou o criminoso que cometeu prevaricação ao não denunciar ao país o “golpe”, ou o caluniador que o denuncia hoje, não tendo ocorrido”. Baptista Jr. Respondeu – e assim por diante.  

Ciro e o STF

A discussão sobre a atitude que os militares deveriam ter tomado diante do convite de Bolsonaro está viva. Eles deveriam ter denunciado imediatamente o fato e, ao não fazê-lo, prevaricaram? Ou tinham margem para agir “politicamente” e bloquear em silêncio a possibilidade de levante das Forças Armadas? 

O argumento da “calúnia” é balela. A questão não é se o golpe aconteceu, mas se Bolsonaro tentou ou não realizá-lo. Convidar militares a acionar suas tropas com uma minuta de Estado de Defesa nas mãos tem os chifres, os cascos, a cauda pontuda e o cheiro de enxofre de uma tentativa de golpe. 

Mas o que eu pergunto em relação a Ciro Nogueira é o que devem estar pensando alguns ministros do STF que reagem apopléticos cada vez que alguém minimiza o conjunto da obra de Jair Bolsonaro, com seus ataques à própria corte e ao TSE, e o discurso belicoso que desaguou no 8 de Janeiro.  

O STF livrou Ciro Nogueira de um monte de inquéritos da Lava Jato. O caso mais recente foi em dezembro de 2023. A PGR havia denunciado o senador por supostamente ter recebido 7,3 milhões de reais em propina da Odebrecht-Novonor. E vejam que a denúncia foi feita por Lindôra Araújo, braço direito do então Procurador Geral da República Augusto Aras, o maior engavetador de ações contra políticos da história das galáxias.

As provas eram sólidas, mas como provinham do acordo de leniência da Odebrecht, haviam sido anuladas pelo ministro Dias Toffoli. Processo arquivado. Ciro Nogueira, em tempo, tinha os apelidos de Helicóptero e Cerrado nas planilhas de propina da Odebrecht.  

Vale tudo

Será que algum dos ministros do STF se pergunta se Ciro Nogueira, caso enredado em um processo por corrupção, se sentiria tão à vontade para fazer pouco do mais grave atentado à normalidade democrática do país em quatro décadas, de modo a contar com a simpatia do bolsonarismo roxo? 

O STF diz que a Lava Jato contaminou o país com um sentimento antipolítica. Está errado, absolutamente errado. 

O que deixou o país com alergia foi o vale tudo pelo poder praticado pela velha política. Caixa 2? Vale. Corrupção bilionária também.

E discurso que normaliza um convite aos militares para golpe de Estado? Para um político à moda antiga como Ciro Nogueira, está tudo ótimo, desde que ajude a cativar uma parcela fanatizada do eleitorado.  

O papel do STF nos últimos tempos foi deixar toda a velha política se sentindo bem à vontade para trabalhar. Business as usual.  

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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