Cuca a Gleisi: “Conhece bem os efeitos de uma descondenação”
Após notificação, deputada editou post pelo Dia das Mulheres que dizia que o treinador foi condenado por estupro e tinha de pagar por crime
Deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR, foto) editou o texto de um post publicado por ocasião do Dia Internacional das Mulheres após ser interpelada extrajudicialmente pelo treinador Cuca. O técnico de futebol, que alude à anulação das condenações de Lula na Lava Jato na notificação, voltou ao noticiário ao ser contratado pelo Athetico.
No texto, Gleisi dizia que o treinador foi condenado por estupro e tinha de pagar por seu crime. Mas a condenação foi anulada recentemente. A juíza Bettina Bochsler acatou a argumentação da defesa de Cuca, que afirmou que o técnico foi condenado à revelia, sem representação legal adequada, e que merecia ter a chance de um novo julgamento. O Ministério Público suíço concordou com essa alegação, mas ressaltou que o crime já estava prescrito, sugerindo, assim, a anulação da pena e o encerramento do processo.
Na notificação apresentada a Gleisi, Cuca, cujo nome de batismo é Alex Stival, pede a retirada do post “em no máximo 2:00hs”. “O post contém diversas informações completamente inverídicas e equivocadas que podem induzir a erro seus seguidores”, diz a notificação assinada por Cuca e sua advogada, Ana Beatriz Saguas.
“Estarrecedor”
Gleisi dizia no post que “é estarrecedor, na semana da mulher, saber que o Athletico Paranaense irá contratar Cuca, o homem que estuprou uma criança de 13 anos e que nunca pagou por isso”. A defesa do treinador rebateu:
“O treinador Cuca não foi condenado, pois teve seu julgamento anulado pela Corte na Suíça, por diversas irregularidades ocorridas em 1989 que culminou (sic) num ‘veredito injusto’ já que foi julgado à revelia e sem a presença de um advogado no dia do seu julgamento”, diz a notificação. “Assim cabe afirmar com toda convicção que esse caso da Suíça não guarda nenhuma semelhança com o caso do Daniel Alves ou do Robinho”‘
“Descondenado”
A notificação alega ainda que Cuca não pode ser chamado de estuprador, “pois a condenação anulada foi por coação e não por estupro”. “Também não é correto falar que o treinador Cuca deve ‘pagar por seu crime’, pois ao ser descondenado não subsiste nenhuma pena a ser cumprida”, diz a nota.
“A Justiça Suíça estabeleceu uma condição de inocente. Aliás, V. Exa. conhece bem os efeitos de uma descondenação”, finaliza a notificação, aludindo à anulação das condenações de Lula na Lava Jato e ameaçando “medidas judiciais cabíveis na área civil e criminal com o ingresso de queixa crime por crimes de calúnia, difamação e injúria”.
Edição
Gleisi atendeu as demandas da notificação e modulou seu discurso. “Em razão de Interpelação Extra-Judicial que recebi do treinador Cuca, afirmando que fiz considerações inverídicas quanto sua condenação, já que não foi condenado, quanto a prática criminosa e semelhança com casos de Daniel Alves e Robinho (documento abaixo), deletei o post anterior e o reescrevo a seguir”, anunciou a deputada.
O texto ficou assim após a edição: “É estarrecedor, na semana da mulher, saber que o Athletico Paranaense irá contratar Cuca, o homem que foi acusado pela Justiça Suíça por manter relações sexuais com uma criança de 13 anos, crime previsto no art. 187 do Código Penal Suíço. Esta situação nos faz relembrar dos recentes casos de Robinho e Daniel Alves. Embora sua condenação tenha sido anulada recentemente, consta no processo a afirmação de que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima! Nos preocupa muito essa situação, pq o futebol serve de inspiração e referência para tantas crianças. Temos um longo caminho pela frente até que os homens também estejam comprometidos com o enfrentamento à violência contra a mulher. Vamos à luta! No dia 8 de março estaremos nas ruas!”
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