Decisão de Toffoli faz parte de “pacotão” da impunidade, diz Deltan
Ex-procurador comenta decisão que suspendeu os pagamentos do acordo de leniência firmado pela Novonor, antiga Odebrecht
Deltan Dallagnol (foto), ex-comandante da força-tarefa da Lava Jato, disse que a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de suspender os pagamentos do acordo de leniência firmado pela Novonor, antiga Odebrecht, faz parte de um “grande pacotão” para garantir a impunidade de políticos e empresários .
“É um grande pacotão no qual as pessoas que confessaram praticar crimes estão saindo impunes, e outras estão tendo os casos anulados”, disse Dallagnol ao Estadão.
“E quem paga o pato disso tudo é, sempre, a sociedade. Sempre foi assim no Brasil. Os corruptos saem impunes. E o Supremo Tribunal Federal está garantindo que isso continue da mesma forma.”
Para Deltan, a decisão de Toffoli “beneficia uma empresa que desviou dinheiro público, impedindo que ela devolva para a sociedade aquilo que ela confessadamente roubou”.
“E qual o fundamento desta decisão? É a pura e simples especulação de que poderia ter tido alguma coação. O porém é que essa especulação, essa suspeita de uma possível pressão é desmentida por dezenas de confissões e delações premiadas assinadas e homologadas diretamente perante o próprio Supremo Tribunal Federal”, acrescentou o ex-procurador.
Toffoli é citado nos acordos de leniência
O empresário Marcelo Odebrecht, que comandava a Odebrecht, atualmente Novonor, quando as práticas de corrupção vieram à tona com a Lava Jato, citou o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), no acordo que agora o próprio Toffoli esvazia.
Toffoli, que nesta quinta-feira, 1º, suspendeu os pagamentos do acordo de leniência de 3,8 bilhões de reais da empreiteira, era chamado por Marcelo, em e-mails internos, de “amigo do amigo do meu pai”, em referência à amizade do ministro com Lula, amigo de Emílio Odebrecht, o pai de Marcelo.Como revelou Crusoé, em setembro de 2020, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato viram em um conjunto de e-mails de Marcelo indícios suficientes para apurar, nas palavras deles, “o possível cometimento de fato penalmente relevante por José Antonio Dias Toffoli, praticado à época em que ocupava o cargo de advogado-geral da União”.
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