Os métodos do Hezbollah no Brasil e a importância da cooperação
A atuação na tríplice fronteira é tão vantajosa para o Hezbollah que despertar atenção contra ela só compensaria se o objetivo fosse mostrar que...
A atuação na tríplice fronteira é tão vantajosa para o Hezbollah que despertar atenção contra ela só compensaria se o objetivo fosse mostrar que “ninguém está a salvo no mundo”, avaliou o major Frederico Salóes, especialista em combate ao terrorismo, em entrevista ao Estadão, publicada um dia após a prisão de terroristas do grupo libanês que planejavam atacar judeus em território brasileiro.
Segundo ele, os crimes praticados na divisa entre Brasil, Argentina e Paraguai (na foto, reunião entre chefes de Polícia e Forças de Segurança do Mercosul, realizada nesta quarta-feira, 8) podem “financiar a atividade terrorista de organizações como o Hezbollah”, também interessado no uso da região “para o chamado esfriamento, que é o refúgio de terroristas após atentados”.
“Aqui temos miscigenação e um grande acolhimento de imigrantes, um contexto propício para o esfriamento ou para o planejamento de atentados com certa facilidade. É cada vez mais forte o nexo entre crime e terror. Por exemplo, uma organização terrorista pode transportar droga pelo Sahel (na África) para a Europa a serviço de uma organização criminosa e cobrar pedágio pelo trabalho”, explicou o Instrutor de Guerra Irregular na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), formado pelo Centro de Instrução de Operações Especiais.
“Manter o Brasil fora do alvo do terror compensa em razão das atividades desenvolvidas aqui, como a lavagem e o uso do País para o esfriamento. Se um atentado aqui tem êxito, a resposta seria um aumento da fiscalização, perturbando aquelas atividades. Para superar esses benefícios e agir no Brasil, seria preciso pensar no impacto psicológico de um atentado no Brasil. Ele seria grande. E demonstraria que qualquer um pode ser atacado, que ninguém está a salvo no mundo, nem mesmo quem está em um país tropical, sem tradição desse tipo de ação”, avaliou Salóes.
Para ele, “é extremamente importante” a cooperação internacional, como neste caso em que a agência de inteligência de Israel, Mossad, ajudou a Polícia Federal brasileira.
“E não só do Mossad, mas da Interpol, do adido policial brasileiro em Israel. A cooperação entre as agências e a capacidade de análise de informações são fundamentais para frustrar essas ações. O Brasil tem se mostrado capaz de compartilhar informações e de vencer o ego entre as instituições, o que é necessário para se poder atuar de forma proativa positivamente. É preciso ainda haver confiança entre os elementos dos diversos órgãos para o sucesso da missão”, completou.
Ouviu, Dias Toffoli?
Para anular as provas do acordo de leniência da Odebrecht, onde era chamado de “amigo do amigo do meu pai”, o ministro do STF tratou como “clandestina” a cooperação internacional entre autoridades da Suíça(!) e procuradores da Lava Jato e, mesmo após o governo Lula ter reconhecido a existência da formalização, ele manteve sua decisão monocrática, criticada em relatório do Grupo Antissuborno da OCDE.
Isto porque neutralizar esquemas de suborno, tráfico de drogas e terrorismo, cujos efeitos são deletérios para qualquer sociedade, requer a agilidade e a urgência que a burocracia atravanca, tornando não apenas legítimos, mas recomendáveis, os contatos individuais e o eventual compartilhamento de informações não sigilosas entre agentes de diferentes países.
A atuação do Hezbollah no Brasil, como ainda mostrou Crusoé, remonta a 1994, quando um número de celular pré-pago de Foz do Iguaçu, usado por um operador do grupo, o libanês Salman el Reda, apareceu nas investigações do atentado a bomba contra a Associação Mutual Israelita Argentina, Amia, que deixou 85 mortos.
Mais recentemente, na esteira da matéria que publiquei em O Antagonista, “Extremista recebido por ministro de Lula zomba de mulher sequestrada“, O Globo registrou que “o militante do PCdoB Sayid Marcos Tenório”, até então assessor de um deputado federal do partido aliado do PT, “construiu uma longa e discreta atuação no Congresso a favor dos interesses do Irã e do Hezbollah, grupo paramilitar criado no Líbano e financiado pelo regime xiita de Teerã, através de uma rede de contatos controversa”.
O embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, disse ontem ao mesmo jornal que “o interesse do Hezbollah em qualquer lugar do mundo é matar os judeus”. “Se escolheram o Brasil, é porque tem gente que os ajuda”, afirmou o diplomata. “O Hezbollah ia fazer no Brasil o mesmo que fez na Argentina. O grupo é financiado pelo Irã e pelo tráfico de drogas, principalmente”, confirmou Zonshine.
Em vez de escalar o ministro da lacração, Flávio Dino, para cometer a deselegância de responder o que ninguém afirmou, dizendo que “nenhuma força estrangeira manda na PF”, Lula, que nunca implementou uma política de segurança nas fronteiras, deveria agradecer a Israel pela ajuda do Mossad em evitar novas mortes de brasileiros, mas o presidente anda ocupado demais citando os números do Hamas, plantados diariamente na imprensa lulista.
Ninguém, em território brasileiro, está a salvo dessa gente.
Assista a trechos do Papo Antagonista sobre esses temas:
A agência de inteligência de Israel ajudou a PF a prender terroristas do Hezbollah que planejavam atacar judeus no Brasil, cujo presidente usa números plantados na imprensa por terroristas do Hamas para insinuar que Israel comete um “genocídio”.
Lula deveria agradecer a Israel. pic.twitter.com/c3cjioYey7
— Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) November 9, 2023
O nazismo dos outros. pic.twitter.com/c8S28GzDUU
— Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) November 9, 2023
Confusão sobre cooperação internacional foi um dos caminhos para se passar régua da impunidade, diz Bruno Brandão, da Transparência Internacional, contestando decisão de Dias Toffoli à luz do relatório da OCDE.
Assista à entrevista ao Papo Antagonista: https://t.co/2130qUkaok. pic.twitter.com/d8q5LHKdMB
— Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) November 8, 2023
Leia também:
Extremista recebido por ministro de Lula zomba de mulher sequestrada
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)