Jerônimo Teixeira na Crusoé: A intifada universitária não salva crianças em Gaza
Os jovens que fazem cosplay de revolucionário só conseguem chamar atenção para os dramas que eles próprios encenam no campus
O linguista John McWhorter não pôde executar 4’33” em uma aula de música que leciona na Universidade de Columbia, em Nova York. Essa famosa peça do compositor americano John Cage consiste em quatro minutos e trinta e três segundos de completo silêncio. A ideia é despertar, no espectador, a consciência dos sons do ambiente. Em uma classe em que havia estudantes israelenses e judeus americanos, McWhorter julgou que seria inapropriado pedir que eles prestassem atenção aos sons de Columbia, que naquele dia incluíam slogans e cânticos contra a existência do estado de Israel. A palavra de ordem de vários protestos é “from the river to the sea”, vale dizer, todo o território que vai do rio Jordão ao mar Mediterrâneo deve ser palestino. A chamada “solução de dois estados” não parece satisfatória para os manifestantes.
Professor de Direito em Harvard, Stephen E. Sachs visitou o acampamento montado na universidade por alunos que protestam contra a guerra em Gaza. Encontrou um cartaz em árabe que trazia uma versão modificada do bordão anti-Israel – “da água à água, a Palestina é árabe” – e uma citação de Leila Khaled, terrorista palestina que sequestrou um avião nos anos 1970. O que ele não encontrou: qualquer menção aos israelenses sequestrados pelo Hamas. Sachs concede que alguns dos acampados talvez entendam que a luta pela autodeterminação dos palestinos não deve se confundir com a defesa do terrorismo. Mas ele observa que o movimento, como um todo, não se preocupou em traçar essa distinção.
McWhorter relatou suas impressões sobre a Columbia palestina em um artigo publicado pelo The New York Times (e mais tarde traduzido no Brasil pelo Estadão) em 23 de abril. Sachs falou de sua visita ao acampamento em Harvard no X (ou Twitter, para os nostálgicos) três dias depois. Na última terça-feira, 30 de abril, vi uma reportagem da BBC sobre os protestos em Columbia.
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