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Como as eleições nos EUA influem na guerra contra o Hamas 

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Carlos Graieb
4 minutos de leitura 06.11.2023 13:52 comentários
Opinião

Como as eleições nos EUA influem na guerra contra o Hamas 

Na última semana, uma ideia entrou com força nas manifestações dos Estados Unidos sobre a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas. Ela se resume numa frase curta que o secretário de Estado americano Antony Blinken tem repetido em todas as suas falas públicas desde 31 de outubro, quando ela apareceu pela primeira vez … Continued

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Como as eleições nos EUA influem na guerra contra o Hamas 
Foto: Reprodução

Na última semana, uma ideia entrou com força nas manifestações dos Estados Unidos sobre a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas. Ela se resume numa frase curta que o secretário de Estado americano Antony Blinken tem repetido em todas as suas falas públicas desde 31 de outubro, quando ela apareceu pela primeira vez em um artigo para o jornal The Washington Post: “A maneira como Israel se defende importa”.  

Não há dúvida nenhuma sobre o apoio do governo americano à ofensiva militar de Israel em Gaza. Biden e Blinken não tergiversam quando se trata de qualificar o Hamas como grupo terrorista e reiterar “o direito e o dever” de Israel de defender sua população. A novidade é a insistência na necessidade de ampliar a proteção a civis palestinos, facilitar a entrada de ajuda humanitária e garantir que “não haverá retorno ao status quo” – uma expressão que corta nos dois sentidos, ou seja, tanto significa erradicar o Hamas de Gaza quanto impedir que o governo de Benjamin Netanyahu continue incentivando a construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Nesta segunda-feira, 6, depois de um encontro com o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Blinken repetiu seu discurso aos jornalistas: “Tratamos com Israel das medidas que podem ser tomadas para reduzir o número de mortes de civis. Trabalhamos muito agressivamente para que mais assistência humanitária entre em Gaza. Temos maneiras concretas de fazer isso e creio que vocês verão nos próximos dias que essa assistência pode se expandir de forma significativa.”

Até o final da semana passada, os Estados Unidos discutiam com o governo israelense a possibilidade de um cessar-fogo. Netanyahu deixou claro, no entanto, que essa possibilidade não existe. Por isso, Blinken agora fala em “pausas humanitárias”. Num cessar-fogo, Hamas e Israel se sentariam numa mesa para discutir as condições para o fim do conflito (o que seria uma vitória para o grupo jihadista), ao passo que a pausa humanitária tem prazo determinado e a finalidade única de ajudar civis.

“Quanto a pausas humanitárias”, disse Blinken nesta segunda, “conversamos com os israelenses sobre as questões práticas envolvidas. Um aspecto crítico, contudo, é que haja avanço na liberação de reféns. Estamos muito focados nisso. Acreditamos que uma pausa poderia trazer avanços também nessa área.”

E ainda: Não estamos centrados apenas em Gaza, mas também no que acontece na Cisjordânia. Deixamos muito clara nossa preocupação com a violência extremista [de colonos israelenses] que acontece lá. O governo israelense se comprometeu a lidar de maneira mais efetiva com esse problema e estamos acompanhando de perto, para garantir que isso aconteça de fato.” 

Os motivos dessa ênfase nas contrapartidas do governo de Israel ao apoio dos Estados Unidos podem ser variados, mas um deles é certo: o posicionamento de Biden em relação à guerra está prejudicando suas chances de reeleição em 2024.  

Diversas pesquisas recentes têm mostrado isso. A que o fez com mais clareza foi realizada entre os dias 28 e 31 de outubro pela revista The Economist e pelo site YouGov. Biden vem perdendo apoio sobretudo entre os eleitores jovens, abaixo de 30 anos, que foram fundamentais para sua vitória sobre Trump em 2020. Nesse grupo etário, 30% dos eleitores têm mais simpatia pelos palestinos, enquanto apenas 17%, pelos israelenses – contra 13% e 40%, respectivamente, no eleitorado geral. Além disso, 41% desaprovam a maneira como Biden conduz a questão e apenas 24% aprovam (contra 41% e 33%, respectivamente).

Outra pesquisa, divulgada neste domingo, 5, pelo jornal The New York Times em parceria com uma universidade do estado de Nova York, o Siena College, mostrou que Biden está atrás de seu provável concorrente Donald Trump em cinco dos seis estados que costumam decidir as eleições nos Estados Unidos. Mais uma vez, os jovens não gostam da maneira como Biden leva os Estados Unidos a se envolver na guerra: 39% confiam em sua liderança, mas 49% acreditam que Trump faria melhor.

Se as tendências se mantiverem, a política interna dos Estados Unidos deve levar Joe Biden e sua equipe a manterem ou até mesmo intensificarem a estratégia adotada nos últimos dias, que posiciona os americanos como “moderadores” das ações de guerra dos israelenses.  

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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