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Claudio Dantas
4 minutos de leitura 02.03.2022 23:15 comentários
Opinião

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William J. Burns (foto, à esquerda) era o embaixador americano na Rússia em agosto de 2008, quando tropas russas ocuparam a Geórgia. A guerra durou apenas cinco dias e rendeu a Moscou as regiões de Ossétia do Sul e Abecásia. William J. Burns era secretário de Estado Adjunto em 2014, quando tropas russas ocuparam a Crimeia. Em pouco mais de um mês, a península ucraniana passou ao controle de Vladimir Putin. William J. Burns é diretor-geral da CIA, no momento em que Kiev tenta resistir ao brutal cerco militar russo...

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Claudio Dantas
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Foto: Sergei Gunev/Sputnik

William J. Burns (foto, à esquerda) era o embaixador americano na Rússia em agosto de 2008, quando tropas russas ocuparam a Geórgia. A guerra durou apenas cinco dias e rendeu a Moscou as regiões de Ossétia do Sul e Abecásia. William J. Burns era secretário de Estado Adjunto em 2014, quando tropas russas ocuparam a Crimeia. Em pouco mais de um mês, a península ucraniana passou ao controle de Vladimir Putin. William J. Burns é diretor-geral da CIA, no momento em que Kiev tenta resistir ao brutal cerco militar russo.

Desde que assumiu o posto, e especialmente na atual crise ucraniana, Burns tem mostrado que existe uma grande diferença entre produzir informação de inteligência e tomar decisões com base nelas.

Quando embaixador, lá em 2008, antecipou em quatro meses o desejo russo de invadir a Geórgia, enquanto Vladimir Putin e George W. Bush trocavam gentilezas durante a cúpula da Otan em Bucareste — primeira vez em que a adesão das ex-repúblicas socialistas à Otan veio à mesa.

No ‘cable’, um dos milhares de emails vazados no Wikileaks, Burns já alertava para a resistência de Moscou em relação ao “alargamento da Otan, particularmente para a Ucrânia”, considerada uma questão ’emocional e nevrálgica’ para os russosSegundo o diplomata, a questão poderia “dividir o país em dois, levando à violência ou mesmo à guerra civil, o que forçaria a Rússia a decidir se deve intervir”.

Revisitado, o telegrama de Burns também retrata um Sergey Lavrov congelado no tempo, acusando as ex-repúblicas socialistas de querer usar a Otan como “guarda-chuva”, para “tentativas de reescrever a história e glorificar os fascistas” e “minar a influência da Rússia na região”.

Agora, como diretor da CIA, Burns lidera uma agressiva campanha de divulgação de inteligência sobre a Rússia. Foi com base nos informes revelados nos últimos meses que a imprensa, especialmente a americana, se antecipou à invasão da Ucrânia, noticiando semanas antes o posicionamento de tropas russas na fronteira, o objetivo militar de Putin e até sua estratégia de desinformação.

Em novembro, a Casa Branca divulgou imagens de satélite, mostrando a concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia. Joe Biden enviou Burns a Moscou, de forma ostensiva, para cobrar explicações. No mês seguinte, o governo americano divulgou informe de que a Rússia planejava sua ofensiva militar para o início de 2022 e que poderia envolver até 175.000 soldados. Semanas depois, divulgou que agentes russos conduziam uma operação “false flag” para responsabilizar a Ucrânia por deflagrar o conflito. Moscou lançaria um vídeo com ataques encenados por forças ucranianas.

A tática em si não é nova, foi usada por exemplo na Crise dos Mísseis de Cuba de 1962, quando o governo Kennedy divulgou fotos dos mísseis balísticos soviéticos instalados na ilha sob o regime de Fidel Castro. O caso ganhou imediata repercussão na imprensa mundial e fulminou o efeito surpresa da operação, forçando Kruschev a um acordo.

Na crise ucraniana, a revelação das articulações russas virou um trunfo na guerra de propaganda via redes sociais e aplicativos de mensagens. Somada à performance de Zelensky, incendiou a comunidade internacional contra Putin.

Hoje mesmo, veio à tona mais um informe explosivo, mostrando que a China sabia com antecedência da invasão russa, uma saia justa para Xi Jinping, cujo governo se absteve de votar a resolução da ONU que cobra a retirada imediata das tropas de Putin. Será real a disposição de Pequin para buscar uma saída pacífica para o conflito?

Let it burn.

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Claudio Dantas

Claudio Dantas é diretor-geral de Jornalismo de O Antagonista. Com mais de duas décadas cobrindo o poder, já atuou nas redações de EFE, Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e IstoÉ. Ganhou os prêmios Esso, Embratel e Direitos Humanos. Está entre os jornalistas mais influentes do Twitter e venceu três vezes o iBest de melhor veículo de política.

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