#BrasilsemMisoginia — teremos um "Sleeping Giants" governamental? #BrasilsemMisoginia — teremos um "Sleeping Giants" governamental?
O Antagonista

#BrasilsemMisoginia — teremos um “Sleeping Giants” governamental?

avatar
Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 26.10.2023 19:22 comentários
Narrativas Antagonista

#BrasilsemMisoginia — teremos um “Sleeping Giants” governamental?

Foi lançado ontem em Brasília, com discurso da primeira-dama Janja, o programa Brasil sem Misoginia. Quem poderia ser contra uma iniciativa tão nobre do Ministério das Mulheres? Provavelmente só aquelas que se dedicarem a entender do que realmente se trata...

avatar
Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 26.10.2023 19:22 comentários 0
#BrasilsemMisoginia — teremos um “Sleeping Giants” governamental?
Arte: O Antagonista

Foi lançado ontem em Brasília, com discurso da primeira-dama Janja, o programa Brasil sem Misoginia. Quem poderia ser contra uma iniciativa tão nobre do Ministério das Mulheres? Provavelmente só aquelas que se dedicarem a entender do que realmente se trata.

É algo voltado a redes sociais, e o problema é que utiliza métodos típicos dos influencers, não de ações governamentais efetivas. Falamos aqui de lutas do universo simbólico e guerra cultural, não exatamente de um programa de governo.

Pode parecer algo absolutamente inócuo, mas é justamente o oposto.

O Ministério das Mulheres tem tido problemas com ações efetivas simples, como divulgar oficialmente qual sua definição de mulher. Há meses a Associação Mátria, organização feminista, tenta oficialmente saber o que o governo Lula entende que é uma mulher. É algo fundamental para estruturar todas as possíveis ações efetivas do ministério.

Mesmo com essa falha fundamental de definição, surge esse programa com um anúncio ambicioso, o de tornar o Brasil livre de misoginia.

Poderia começar com a militância favorável ao governo que se dedica a perseguir e assediar mulheres críticas. Trouxe os detalhes das ações em uma coluna aqui em O Antagonista no último dia 27 de setembro. Não há notícias de qualquer ação com relação a essas contas.

A ideia central do programa divulgado é combater o chamado “discurso de ódio” contra mulheres nas redes sociais. Isso realmente acontece e mulheres que fazem parte do governo são alvos. A primeira-dama, que não faz parte do governo, também é alvo. Diversas outras cidadãs igualmente.

O método de combate parece distante das funções do governo e emula as campanhas feitas por um perfil conhecido, o Sleeping Giants.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, declarou ter mapeado 80 canais que produzem sistematicamente conteúdo misógino. Desses, 35 seriam monetizados. A intenção do governo é obter compromissos de empresas privadas nessa história. Elas garantiriam não monetizar esses canais.

Não há clareza sobre os critérios do mapeamento. Quem está nas redes sociais provavelmente vai estranhar o número. Os canais que atacam mulheres falando da aparência, fazendo montagens pornográficas ou ridicularizando a condição feminina são muitos.

No submundo da internet, há até os que advogam assassinatos de mulheres. Em grupos da deepweb e chans, existe toda uma cultura em torno disso. Mulheres são frequentemente chamadas de “depósitos”, como referência a depósito de sêmen. Os violentos, que planejam atentados, defendem que o criminoso invista em matar quantos “depósitos” for possível.

Falando assim, não resta dúvida de que há um problema a ser resolvido. Desmonetizar canais vai resolver isso? Claro que não. Ações governamentais e judiciais podem ser mais efetivas. A escolha por focar no que não resolve é curiosa.

Iniciativas de desmonetização já são problemáticas quando nascem na iniciativa privada ou na sociedade civil. Há dúvidas sobre o uso em concorrência desleal quando os critérios para desmonetizar não são claros. Muita gente percebe que depende de quem fala, não do que é dito. Uma boa causa pode ser a justificativa para minar negócios dos concorrentes.

No âmbito particular, não é raro que isso descambe para cerceamento da liberdade de expressão. Os amigos podem falar qualquer coisa e depois dizem estar em desconstrução. Os que não se agacham serão cancelados e desmonetizados por qualquer coisa dita ou distorcida.

Imagine agora ter esse método institucionalizado num governo. Começa com a liberdade de expressão, deriva para a liberdade econômica e pode sedimentar uma lógica de agigantamento do Estado, em que o governo pode definir os investimentos publicitários também das empresas privadas.

O mais preocupante de tudo é o silêncio diante dessa tentativa de interferência. É preciso estabelecer limites enquanto ainda é possível que eles sejam estabelecidos.

 

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

As Crônicas de Nárnia: Novo filme da saga dirigido por Greta Gerwig

Visualizar notícia
2

Crusoé: Fábrica da “droga da jihad” é encontrada na Síria

Visualizar notícia
3

Melinda Gates destina milhões para IA, mas reforça agenda woke

Visualizar notícia
4

Crusoé: Lula não confia em Alckmin?

Visualizar notícia
5

Lula passará por novo procedimento, diz equipe médica

Visualizar notícia
6

Caiado aproveita inelegibilidade para reforçar candidatura em 2026

Visualizar notícia
7

Só vai sobrar Lula como elegível?

Visualizar notícia
8

Possibilidade de novo Top Gun 3? Confira as novidades

Visualizar notícia
9

BC reage a “cenário mais adverso” com mais um ponto na taxa de juros

Visualizar notícia
10

“Até cansou a vista”, diz Toffoli sobre próprio voto

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Kalil anuncia sucesso de novo procedimento em Lula

Visualizar notícia
2

Proteção contra golpes digitais: Como identificar sites falsos e se proteger

Visualizar notícia
3

O Brasil ainda não conhece os presidenciáveis da direita

Visualizar notícia
4

Novo ataque com míssil Oreshnik contra a Ucrânia é iminente

Visualizar notícia
5

Calendário do Auxílio-Gás 12/12: Veja quem pode solicitar o benefício

Visualizar notícia
6

Maioria acha que Lula não deveria se candidatar à reeleição

Visualizar notícia
7

Um contexto para a ata do Copom de Gleisi

Visualizar notícia
8

Ações da Tesla batem recorde histórico com Musk em evidência

Visualizar notícia
9

Skeleton Crew: Confira onde assistir à nova série do universo Star Wars

Visualizar notícia
10

Abono natalino do Bolsa Família 12/12: Saiba quem tem direito e como receber

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Brasil sem Misoginia Narrativas Antagonista Sleeping Giants
< Notícia Anterior

Suzano transforma lucro bilionário em prejuízo, mas está melhor que o esperado

26.10.2023 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

O “cessar-fogo” não cessa o terror

26.10.2023 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Madeleine Lacsko

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Por que o STF é quem decide se policiais de São Paulo usam câmeras?

Por que o STF é quem decide se policiais de São Paulo usam câmeras?

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Tiririca estava errado: pior do que está fica

Tiririca estava errado: pior do que está fica

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Alexandre Soares Silva para Crusoé: Entre tio Paulo e tio França

Alexandre Soares Silva para Crusoé: Entre tio Paulo e tio França

Visualizar notícia
Josias Teófilo para Crusoé: Morre o último dos grandes

Josias Teófilo para Crusoé: Morre o último dos grandes

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.