Mais preocupado com a guerra na Europa, que poderá degenerar em conflito mundial, desliguei-me um pouco da política brasileira. Pelo que entendi, nas últimas três semanas, ocorreu o seguinte, basicamente:

— Lula (na montagem) ficou mais feliz, porque, ao perder alguns pontinhos em pesquisas, isso poderá esfriar o clima de já ganhou entre os petistas radicais e, assim, vencer resistências ao seu trabalho patriótico de atrair mais gente elegante, bonita e sincera para a sua candidatura, assim como fez com Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab.

— Gilberto Kassab continua no seu trabalho de corte e costura. Fechadíssimo com Lula, ele ajudou a torpedear Rodrigo Pacheco, que tirou do DEM para ser candidato do PSD, e continua na luta para levar Eduardo Leite para o seu partido, com a promessa de que ele será o postulante ao Palácio do Planalto. Se tudo der certo, ele também levará outros tucanos descontentes para o PSD, caso eles não consigam demover João Doria de ser candidato à presidência da República. Como os movimentos de Gilberto Kassab racham ainda mais aquela cerâmica que nunca deixou de ser argila — terceira via que chama, não é? –, Lula tem nele o seu melhor amigo neste momento.

— João Doria diz que não vai desistir, mas começa a mostrar que a sua resiliência pode ter prazo de validade: junho. O que ele fará da vida se não for candidato ao Palácio do Planalto? Pode ser que se candidate à reeleição ao governo de São Paulo, traindo Rodrigo Garcia. Nada de novo aqui.

— Simone Tebet continua animada, tem gente boa ajudando a elaborar o seu programa de governo, mas ela continua a procurar o apoio maciço do seu partido lá no final da sua “caminhada da esperança” pelo país.

— Ciro Gomes (na montagem): sim, parece que existe.

— Sergio Moro (na montagem): ele não tem só os piores inimigos que um candidato poderia ter. Tem também os piores amigos.

— Jair Bolsonaro (na montagem) voltou a mostrar mais confiança na falta de memória dos brasileiros. Ficou animado com a quedinha de Lula em pesquisas, pelos mesmos motivos do oponente. O vereador federal Carlos Bolsonaro, no entanto, agora está se estranhando com Valdemar Costa Neto, dono do PL, por causa do comando da campanha. Um dia, Carlos Bolsonaro terá tudo só para ele, tudo mesmo.

Conclusão do breve relato: não perdi muita coisa ao dar mais atenção ao que ocorre na Terra. Até porque, ao contrário do que acredita boa parte dos brasileiros, nós fazemos parte desse planeta conflagrado, embora continuemos parecendo marcianos.