Para a Ucrânia, a ligação à Internet via Starlink é uma vantagem estratégica no campo de batalha. Agora, aparentemente, apesar das sanções, a Rússia também está colocando as mãos nos dispositivos terminais.

Para os ucranianos, Starlink é um seguro de vida. Mesmo no front, os soldados estão conectados à Internet através de estações de satélite portáteis, de forma confiável e com banda larga.

Os especialistas militares russos queixam-se regularmente de que o sistema da empresa SpaceX de Elon Musk é uma das vantagens mais importantes do seu oponente. As suas forças armadas não têm nada comparável.

Houve grande celeuma quando a inteligência militar ucraniana anunciou, no mês passado, que o exército russo estava começando a utilizar sistematicamente os terminais Starlink.

As negações de Moscou e de Elon Musk não evitaram que SpaceX sofresse uma pressão considerável para se explicar, especialmente por parte dos EUA, pois Washington trabalha em estreita colaboração com a empresa, inclusive no setor militar.

Os democratas na Câmara dos deputados exigiram respostas no início de março sobre se a empresa estava fazendo o suficiente para evitar que a sua tecnologia caísse nas mãos da Rússia, burlando assim as sanções.

As desconfianças aumentaram com a postura de Musk atraindo regularmente a atenção para votos pró-Kremlin sobre a guerra. Pouco depois do início da controvérsia do Starlink, ele se manifestou contra mais ajuda a Kiev.

Segundo informações próprias, os ucranianos utilizam 42.000 terminais Starlink. As informações sobre o uso pela Rússia variam muito. Kirilo Budanov, diretor da inteligência militar em Kiev, alertou sobre milhares, enquanto fontes anônimas das forças de segurança ucranianas falam de apenas dezenas. De qualquer forma, surgem questões: como os dispositivos chegam à Rússia e ao front? E por que eles funcionam mesmo devendo ser bloqueados?

Starlink não funciona na Rússia. Fontes nacionais e estrangeiras confirmam isto. De acordo com o Wall Street Journal, os operadores estrangeiros de satélites precisam da aprovação do governo e de uma estação terrestre. A SpaceX não tem um. Mas ele está em operação em países vizinhos da Rússia, como a Geórgia ou a Mongólia, de onde seria possível uma importação clandestina para a Rússia.

A situação na Ucrânia é menos clara. O Starlink não está ativado em todas as áreas. Segundo o site da SpaceX, o serviço não funciona na Crimeia ou nas regiões parcialmente ocupadas de Luhansk e Donetsk. No entanto, está disponível nas áreas parcialmente ocupadas de Zaporizhia e Kherson.

O que se quer agora é desligar o Starlink para os russos e garantir que o sistema continue a funcionar para os ucranianos. Isto é particularmente importante para operações de drones em território ocupado.

A pressão de Washington deverá forçar a empresa de Musk a encontrar soluções técnicas para atingir esse objetivo.