Um tribunal russo acusou de “extremismo” e ordenou a prisão da viúva do crítico do Kremlin, Alexei Navalny, morto sob custódia do regime russo.

Yulia Navalnaya, que já não vive na Rússia, prometeu continuar o trabalho do marido após a sua morte numa prisão russa no início deste ano. Ela é agora presidente da Fundação Anticorrupção, um grupo de investigação iniciado por Navalny e também sediado no estrangeiro.

A Rússia criminalizou o grupo, bem como a rede nacional de ativistas de Navalny em 2021, rotulando-os de extremistas, igualando-os a organizações terroristas como o ISIS. Desde então, inúmeras pessoas foram presas por trabalhar ou apoiar o grupo.

“Assassino e um criminoso de guerra”

“Vladimir Putin é um assassino e um criminoso de guerra”, disse Navalnaya, respondendo à notícia da sua ordem de prisão. “Seu lugar é na prisão, e não em algum lugar de Haia, em uma cela aconchegante com TV, mas na Rússia – na mesma colônia e na mesma cela de dois por três metros em que ele matou Alexei.”

Navalny, o crítico mais veemente de Putin durante muitos anos, morreu numa colônia prisional no Ártico russo em Fevereiro, onde sofreu tratamento brutal e foi regularmente colocado em confinamento solitário.

O tribunal de Basmanny, em Moscou, disse que Navalnaya “fugiu” e colocou-a numa lista internacional de procurados.

Se ela regressar ou for extraditada para a Rússia, será presa enquanto a investigação está em curso e até que caso seja levado a julgamento, afirmou o tribunal num comunicado.

“O prazo é contado a partir do momento da extradição ou a partir do momento da detenção no território da Federação Russa”, acrescentou o tribunal.

Família Navalny

Apesar de ter permanecido praticamente fora dos holofotes quando o marido estava vivo, Navalnaya rapidamente assumiu o seu papel, após a sua morte, gravando um vídeo para o seu popular canal no YouTube no qual prometia continuar a sua luta.

Desde então, ela reuniu-se com uma série de líderes mundiais para fazer lobby por mais sanções à Rússia e discursou em vários eventos políticos, incluindo discursos no Parlamento Europeu. Ela também foi nomeada chefe da Fundação de Direitos Humanos, um grupo internacional.

Navalnaya, 47 anos, conheceu o seu marido enquanto estava de férias na Turquia em 1998. Ela trabalhou brevemente no setor bancário e comercial, mas logo desistiu da carreira, percebendo que a popularidade crescente do marido como crítico de Putin tornava impossível manter um emprego separado. “Onde quer que eu fosse, seria difícil para a organização e para mim”, disse ela numa rara entrevista em 2014. O casal teve dois filhos, que também moram no exterior.

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