Direita e extrema-direita vão se unir na França?
“Quarenta anos de um cordão pseudo-sanitário, que causou a perda de muitas eleições, estão desaparecendo”, declarou Le Pen após o presidente do Les Républicains (LR) declara-se favorável a uma aliança com o Rassemblement Nationale (RN)
No dia seguinte à vitória esmagadora do partido de Marine Le Pen (RN) nas eleições europeias, que levou ao anúncio surpresa da dissolução da Assembleia Nacional por Emmanuel Macron, teve lugar uma reunião crucial na sede parisiense do RN.
Marine Le Pen e Jordan Bardella decidiram receber Marion Maréchal (Reconquête), um dia após a sua eleição como eurodeputada. Objetivo da reunião: preparar-se para as eleições legislativas antecipadas de 30 de junho e 7 de julho. Em discussão estava o cenário de uma futura aliança, seja em nível partidário, entre o RN e a Reconquête; ou no nível de pessoas, com Marion Maréchal, que é sobrinha de Le Pen.
Na manhã desta terça-feira, 11, o líder do Rassemblement Nacional (RN), Jordan Bardella, anunciou também o apoio do RN a candidatos dos LR (Les Républicains): “Nos candidatos que o meu movimento político vai apoiar para estas eleições legislativas, não haverá apenas pessoas do Rassemblement Nacional, haverá também pessoas dos republicanos. Apelo realmente aos republicanos para que deixem de ser a muleta política de Emmanuel Macron e venham trabalhar conosco; estendo-vos a minha mão como sempre fiz”, acrescentou o eurodeputado lepenista.
Presidente de Os Republicanos quer aliança com Le Pen
O presidente do LR, Éric Ciotti, declarou-se favorável à aliança com o partido de Marine Le Pen e declarou nessa terça-feira, 11 de junho, que o seu partido deve concluir “uma aliança com o RN, os seus candidatos, com todos aqueles que se encontram nas ideias de direita, nos valores de direita. Espero que a minha família política se mova nesta direção. Deve surgir uma força para se opor à impotência do macronismo e ao perigo dos insubmissos (LFI).”
Marine Le Pen elogiou a “escolha corajosa” e o “sentido de responsabilidade” de Éric Ciotti e disse esperar “que um número significativo de parlamentares do LR o sigam”. “Quarenta anos de um cordão pseudo-sanitário, que causou a perda de muitas eleições, estão desaparecendo”, argumentou a chefe dos deputados do RN na Assembleia Nacional.
Senadores republicanos resistem a Le Pen
A decisão de Éric Ciotti, porém, não foi bem recebida e provocou uma crise interna no seu partido. Os republicanos estão divididos sobre a questão da aliança ou não com o RN e a posição de Éric Ciotti suscitou a desaprovação de outros dirigentes partidários, além de duas deserções.
A vice-presidente Sophie Primas e o relator do orçamento geral Jean-François Husson, anunciaram que estavam deixando o partido. Em um comunicado à imprensa, o grupo de senadores republicanos no Senado escreveu:
“Diante do campo de ruínas que a paisagem política francesa se tornou desde domingo, os grupo Os Republicanos no Senado se reuniu essa manhã. Os senadores do grupo reafirmaram com unanimidade aquilo que deve ser a linha clara e responsável da direita francesa: permanecer ela mesma, guardando nossa independência e nossa autonomia tanto frente ao campo macronista quanto frente ao campo lepenista”.
O comunicado da direita senatorial afirma ainda que o projeto do RN “não tem probabilidade de endireitar a França, longe disso” e que “a demagogia nunca foi capaz de liderar um país”. Quanto à linha face à maioria presidencial, o grupo LR considera que “está fora de questão entrar numa coligação com um Presidente da República que é o principal responsável pela situação catastrófica em que França se ‘afunda’”.
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