O ditador da Venezuela Nicolás Maduro tem dado inúmeras demonstrações de que não tem qualquer intenção de realizar eleições limpas este ano. Maduro sabe que, em um pleito minimamente honesto, o resultado seria a vitória da oposição, liderada pela candidata María Corina Machado. E o que o tirano mais teme é acabar em uma cela do Tribunal Penal Internacional, o TPI, que investiga a ditadura por crimes contra a humanidade.

Na semana passada, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela confirmou a inabilitação de María Corina Machado e de outras vozes da oposição, como Henrique Capriles, por 15 anos. As justificativas são as mais débeis e não têm veracidade alguma, como participar de “um esquema de corrupção orquestrado pelo usurpador Juan Guaidó, que levou ao bloqueio criminoso da República Bolivariana da Venezuela, bem como ao saque flagrante de empresas e riquezas do povo venezuelano no exterior, com a cumplicidade de governos corruptos“.

Não há nada de decisão judicial nesse amontoado de palavras. Trata-se de pura perseguição política.

Países com governos sérios se pronunciaram contra Maduro. Os Estados Unidos vão retomar as sanções contra a Venezuela em abril. Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador condenaram a inabilitação de María Corina. A União Europeia e a Organização dos Estados Americanos, OEA, expressaram preocupação com a desqualificação da oposição.

O Brasil não deu um pio. Quando Maduro convocou um referendo fajuto para que a população votasse pela anexação de dois terços do território da Guiana, também não se ouviu nenhuma condenação do Brasil.

O maior problema, contudo, não é a falta de reação frente aos avanços antidemocráticos de Maduro.

A questão é que o Brasil tem sido usado pelo ditador.

Maduro nunca teve a intenção de deixar o poder, e por isso aceitou de bom grado as cortesias do petista, como uma maneira de reabilitar a própria imagem.

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