Jacarés são vistos adotando comportamento inédito durante passagem de fauna em rodovia no interior paulista
A passagem de fauna é uma estrutura planejada para permitir que animais silvestres atravessem rodovias com menor risco.
Um registro recente em rodovias do interior de São Paulo ajudou a chamar atenção para um tema central no debate ambiental: as passagens de fauna.
Imagens de jacarés usando travessias subterrâneas, exibidas pelo portal Conexão Planeta, reforçaram que esses dispositivos atendem não só mamíferos de grande porte, mas também répteis, aves e pequenos animais, reduzindo atropelamentos e acidentes em rodovias movimentadas.
O que são passagens de fauna
A passagem de fauna é uma estrutura planejada para permitir que animais silvestres atravessem rodovias com menor risco.
Pode ser um túnel sob a pista, uma ponte vegetada sobre o asfalto, passarelas suspensas para primatas ou cabos aéreos para animais arborícolas.
Essas estruturas são instaladas, em geral, próximas a áreas naturais, cursos d’água ou rotas conhecidas de deslocamento dos bichos.
Em muitos trechos, cercas e sinalizações complementares ajudam a direcionar os animais para as travessias e a reduzir conflitos com o tráfego.
Por que a conectividade ecológica é essencial
O objetivo central das passagens de fauna é manter a conectividade entre fragmentos de vegetação separados por rodovias.
Quando essa ligação é interrompida, populações ficam isoladas, comprometendo rotas de alimentação, dispersão de sementes e até a reprodução.
Ao restaurar a conexão entre áreas naturais, esses corredores ajudam a manter o fluxo genético entre populações e a resiliência dos ecossistemas.
Em regiões altamente fragmentadas, como partes do interior paulista, essa conectividade é decisiva para a sobrevivência de diversas espécies.
Como projetar passagens de fauna eficazes
Para funcionar de forma efetiva, uma passagem de fauna precisa considerar o comportamento das espécies que circulam na região.
Estruturas mais amplas favorecem grandes mamíferos, enquanto túneis estreitos atendem anfíbios e pequenos répteis, exigindo desenhos variados no mesmo trecho de rodovia.
O uso de cercas de direcionamento, vegetação nativa nas entradas e pontos de água próximos aumenta a probabilidade de uso.
Monitoramentos com armadilhas fotográficas, sensores e contagem de rastros permitem avaliar se a fauna está de fato utilizando esses corredores e orientar ajustes de manejo.
De que forma as passagens de fauna reduzem atropelamentos
Levantamentos em trechos concessionados, especialmente em São Paulo, indicam que as passagens de fauna em rodovias podem reduzir de forma consistente o número de atropelamentos.
Em um segmento entre duas cidades do interior paulista, a quantidade de animais silvestres mortos caiu cerca de 77% após a instalação dessas estruturas.
Estudos internacionais relatam reduções superiores a 80% em mortes de anfíbios em túneis dedicados e recuperação de populações de mamíferos em corredores verdes.
Em comum, apontam menos colisões, maior preservação da biodiversidade local e melhoria indireta da segurança viária para motoristas e passageiros.
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Quais ações ampliam e fortalecem as passagens de fauna
A expansão das passagens de fauna depende de planejamento de longo prazo, apoio legal e integração com outras políticas de conservação.
Em vários estados brasileiros, projetos de lei propõem tornar obrigatória a inclusão dessas estruturas em novas rodovias e em ampliações de estradas já existentes.
Especialistas destacam um conjunto de estratégias complementares que ajudam a orientar investimentos e garantir eficiência na proteção da fauna ao longo das estradas:
- Mapeamento de hotspots de atropelamentos, para definir onde as estruturas são mais urgentes.
- Padronização de projetos, com diretrizes mínimas por tipo de animal e bioma.
- Monitoramento contínuo das travessias por meio de câmeras, rastros e sensores.
- Manutenção periódica das estruturas, cercas e sinalização associada.
- Integração com corredores ecológicos, conectando unidades de conservação e remanescentes florestais.
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