Mercosul assina tratado com o EFTA, de Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein
O acordo cria uma zona de livre-comércio com quase 300 milhões de habitantes que movimentam 4,3 trilhões de dólares
O Mercosul e a EFTA , a Associação Europeia de Livre Comércio composta pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, devem assinar no começo desta semana um acordo de livre-comércio que finaliza negociações iniciadas em 2017, ainda sob a gestão de Michel Temer.
O tratado, fechado formalmente em julho durante cúpula em Buenos Aires, será oficializado no Rio de Janeiro pelo ministro das relações exteriores Mauro Vieira, em evento previsto para o dia 16 de setembro.
O novo acordo envolve cerca de 300 milhões de pessoas e um mercado combinado com Produto Interno Bruto superior a 4,3 trilhões de dólares.
Ele prevê que 99% do valor das exportações brasileiras para a EFTA fiquem livres de impostos ou recebam tratamento tarifário preferencial, enquanto o Mercosul concederá isenções sobre 97% do valor importado dos países da EFTA.
Do ponto de vista setorial, o agronegócio brasileiro se destaca como potencial beneficiário.
Produtos como carnes especiais, cafés finos, frutas tropicais e itens diferenciados deverão experimentar menos entraves sanitários e fitossanitários, graças à adoção de mecanismos como o pré-listing para certificações.
A indústria também ganha: alimentos, químicos, máquinas e equipamentos, metalurgia e metalomecânica estão entre os segmentos com maior margem de expansão no novo mercado.
Serviços, embora ainda menos enfatizados, crescerão em importância. Em 2024 o comércio de serviços entre Brasil e EFTA movimentou algo em torno de 1,6 bilhão de dólares em exportações brasileiras.
O atual contexto geopolítico e comercial aumenta o significado desse acordo.
O Brasil, que assume a presidência temporária do Mercosul até dezembro, está apostando na diversificação de parceiros diante das altas tarifas impostas pelos Estados Unidos sob Donald Trump sobre os produtos brasileiros.
O pacto com a EFTA também pode funcionar como um passo de preparação ou demonstração de capacidade para futuras negociações mais complexas, incluindo o esperado acordo Mercosul-União Europeia, que se arrasta há 25 anos e agora está mais próximo de se concretizar, apesar da oposição de setores agrícolas europeus.
O efeito sobre os preços domésticos, competitividade industrial e fluxos de investimento vai depender do vigor com que as questões regulatórias, logísticas e institucionais forem implementados pelos dois blocos.
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