Izabela Patriota na Crusoé: Ainda não privatizamos a Petrobras
Se uma estatal como a Petrobras vai bem, devemos vendê-la. Se vai mal, também
Passados dez anos após os primeiros indícios de grandes escândalos que envolviam os dirigentes da Petrobras em 2014, a lição não foi aprendida no Brasil. Em pleno 2024, nos vemos diante de debates e desavenças, ainda que veladas, entre Lula e o diretor da Petrobras, Jean Paul Prates, sobre os números astronômicos da empresa.
A controvérsia atual entre o presidente e o atual dirigente da Petrobras é sobre a distribuição de 80 bilhões de reais ou 45 bilhões de reais entre os acionistas da estatal. Apesar de todos os abusos da Lava Jato durante os seus anos de atuação, a principal lição aprendida era a de que os dirigentes políticos não agem em nome dos interesses da estatal e seus acionistas, mas por interesses políticos e partidários — quando não pessoais.
Como mais novo membro da OPEP, o Brasil deveria aproveitar os ventos favoráveis para abrir o mercado e potencializar a nossa produtividade. Manter o status público da Petrobras apenas nos deixa vulneráveis a outros casos como a Lava Jato e, quando menos, a picuinhas como a que estamos verificando entre Lula e Prates. O papel do Estado deve ser aquele referente a garantir que o potencial energético do país seja explorado — independente de qual seja a nacionalidade ou titularidade dos operadores.
A Petrobras, outrora a maior empresa da América Latina, possui uma vasta experiência e conhecimento acumulado dos campos petrolíferos brasileiros. Se privatizada e inserida em um mercado aberto, a empresa teria a capacidade de absorver toda a mão de obra especializada existente no Brasil, mantendo e até mesmo ampliando o nível de expertise e qualidade técnica que a tornaram uma referência global no setor de energia.
O mercado é a melhor forma de avaliar as necessidades da sociedade em termos energéticos. Deixar essas decisões em nível político-partidário pode ter consequências sérias. O exemplo clássico é a Venezuela. País com as maiores reservas de petróleo, mas sem potencial de exploração em virtude de um mercado fechado e sob monopólio estatal.
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