Crusoé: Após climão na China, Lula tenta por panos quentes na indústria
Presidente incluiu na sua agenda um encontro com representantes da CNI, após uma medida provisória impor limites às compensações tributárias do setor
Lula incluiu, na agenda desta terça-feira, 11, uma reunião de meia hora com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. A reunião no Palácio do Planalto, antes da viagem do petista para a Europa, tenta botar panos quentes na relação do Executivo com a indústria.
Na semana passada, as duas partes protagonizaram um climão na China. Acompanhando uma comitiva de ministros que foram a um fórum de empresários chinês, Alban e a CNI abandonaram abruptamente a comitiva após o governo editar uma medida provisória (MP) com regras para a fruição de benefícios fiscais — e principalmente, limitando a compensação de créditos de PIS e Cofins, proibindo o ressarcimento de saldos credores destes créditos.
A CNI estima que o impacto negativo para indústria será de 29,2 bilhões de reais nos sete meses em que a medida estiver em vigor em 2024. Em 2025, esse impacto negativo pode chegar a 60,8 bilhões de reais. Seria mais uma derrota para o setor industrial, que viu o retorno do voto de desempate pró-Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) como outra derrota significativa.
“Chegamos ao nosso limite. Nós somos um vetor fundamental para o desenvolvimento do país e vamos às últimas consequências jurídicas e políticas para defender a indústria no Brasil”, disse Alban, ao deixar a China. “Não adianta ter uma nova e robusta política industrial de um lado se, do outro, vemos esse ataque a nossa competitividade.”
Desde então, foi a CNI quem diminuiu o tom das críticas. Nesta segunda-feira, 10, o mesmo presidente da confederação indicou que as negociações estão seguindo um “caminho de boa convergência”.
No entanto, o artigo cita reuniões com Câmara dos Deputados e Senado — sem citar o Executivo, com quem a CNI aprontou a cena em terras chinesas. Nem a reunião com o presidente da República mereceu nota.
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