Por que todo mundo odeia pagar impostos?
Por que a “contribuição” compulsória desperta em nós os instintos mais primitivos

Todos os anos, a partir de março e até o final de maio, somos lembrados e relembrados da nada agradável tarefa de entregar a declaração de imposto de renda. (Aliás, você já entregou a sua?)
E mesmo que nosso lado racional entenda que uma série de serviços públicos importantes, alguns indispensáveis, dependem dessa obrigação (ou “roubo” por parte do Estado, segundo os discípulos de Friedrich Hayek), quem é que gosta de abrir mão do suado dinheirinho para pagar essa conta?
E por que não sofremos assim ao fazer caridade?
Se fosse para salvar os golfinhos e os pandas, preservar a Mata Atlântica ou construir cisternas no sertão, eu, você e a maioria das pessoas contribuiria de bom-grado, com o sentimento de “estou feliz por fazer a minha parte”.
Então, por que não nos sentimos assim tão generosos na hora de pagar IPTU, IPVA, GPS, PIS, COFINS, CSLL, ISSQN, e mais algumas outras siglas que agora me fogem à memória?
Segundo Sam Goldstein, Ph.D, Diretor Clínico do Centro de Estudos de Neurologia, Aprendizagem e Comportamento da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, essa resistência à obrigação de pagar impostos é uma reação psicológica associada à identidade individual.
Ele explica que vinculamos a generosidade a um ato de liberdade pessoal, e não a uma obrigação coletiva.
“Costumamos nos enxergar como indivíduos em primeiro lugar e só depois como cidadãos, o que cria uma certa tensão entre nossos interesses pessoais e as obrigações sociais, principalmente em países onde o sucesso individual é altamente valorizado.”
Simplesmente pague, tenha fé e confie
Goldstein aponta que, “no mundo inteiro, as pessoas são capazes de atos incríveis de generosidade, mas ao pagar impostos, elas precisam ter confiança nas instituições e fé nos resultados que serão compartilhados”.
No Brasil, entretanto, dificilmente um indivíduo terá o sentimento de “estou feliz por fazer a minha parte” ao pagar seus impostos quando, enquanto cidadão, ele se sente desconectado, quando não excluído, tanto das instituições quanto dos resultados.
Essa falta de confiança, seja no Brasil, seja em qualquer parte do mundo, acaba por minar o senso de responsabilidade compartilhada, a ideia de “contrato social”, deixando o contribuinte com a sensação de estar sendo explorado.
Por isso que, nessas horas, a gente esquece golfinhos, pandas, matas, cisternas, e ruge: “Imposto é roubo sim!”.
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Comentários (5)
Annie
17.04.2025 10:45Em países de primeiro mundo como.um exemplo Suíça talvez as pessoas não se sintam assim, já no Brasil impostos vão para enriquecer políticos
Amaury G Feitosa
17.04.2025 08:44Simples porque aqui do chiqueiro Brazyllis serve para engordar ladrões e criminosos ... odiamos por ser imposto mas bem podiam mudar o nome para voluntarius, os manés adorariam.
Fabio B
17.04.2025 08:08Se eu visse uma justiça, legislativo e executivo que não engessa o país, que favoreça o empreendimento, que pune, ladrão e terrorista faccionado ou invasor de terra por muito tempo, uma polícia que possa coibir o crime com firmeza e até dar cabo em vagabundo que resiste sem receio, investimento prioritário em educação de base e infraestrutura, e não em universidade para uma elite mimada que não dá retorno algum, eu até sentiria orgulho de pagar imposto.
Fabio B
17.04.2025 08:02Eu até pagaria mais imposto sem reclamar se visse retorno real em segurança, saúde, educação e infraestrutura. Se eu visse que este país tem futuro, que funciona, que as pessoas não precisassem fugir ou entrar num esquema para suportar o peso de morar aqui. Mas o dinheiro é desperdiçado em corrupção, privilégios de uma elite política e um funcionalismo ineficiente. O problema não é pagar, é ser forçado a bancar um sistema falido que não entrega nada de volta.
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
17.04.2025 00:21Sensação de estar sendo explorado uma ova! É real, não é sensação. 30 a 40% dos impostos, no mínimo, vão para ações e atividades inúteis ou roubo simplesmente.