“La Memoria Infinita”, um dos documentários que concorrem ao Oscar neste domingo, 10, explora a relação do casal Augusto Góngora e Paulina Urrutia com o mal de Alzheimer, quando este passa a acometer Augusto. O filme de Maite Alberdi, no entanto, não é bem sobre a perda de memória de um um indivíduo, mas também de uma nação.

Isso porque Góngora, um dos mais respeitados jornalistas de seu país, iniciou sua carreira nos anos 1970 em veículos clandestinos de oposição à ditadura de Augusto Pinochet (1971-1990).

Em um dos seus trabalhos mais conhecidos, dirigiu o Teleanálisis, um noticiário televisivo com uma versão diferente da oferecida pelo Palácio de la Moneda. Apesar de subversivo, ele não era ilegal — isto porque, antes de cada exibição, tiveram o cuidado de escrever “Proibida sua difusão pública no Chile.”

Sua luta para manter viva a memória dos tempos trevosos da repressão de Pinochet continuou mesmo após a queda do general, em 1990. Ele dirigiu documentários sobre mortos no golpe militar de 1973, escreveu o livro La memoria prohibida e transformou o plebiscito que restabeleceu a democracia no país em um documentário.

É quando sua memória começa a falhar que ele e a sua esposa, ex-ministra da Cultura de Michele Bachelet, abrem sua vida para Maite Alberdi (que foi finalista do Oscar em 2021, com o documentário “The Mole Agent“).

Por isso, garantiu a cineasta, o filme não fala especificamente sobre a doença, ou sobre uma pessoa específica.

“O filme usou uma grande metáfora sobre a perda de memória, mas de um país, através do que está acontecendo com ele”, disse a diretora em uma recente entrevista à agência de notícias AFP.

Em uma disputa onde todos os documentários do Oscar 2024 têm forte componente político, Crusoé explica o contexto histórico de cada um deles neste domingo.

Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.