Uma ordem de Anderson Torres no 2º turno em 2022
A ex-diretora de Inteligência Marília Ferreira Alencar contou que seu antigo chefe tentou alterar o planejamento da PF para o dia da votação

A ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça Marília Ferreira Alencar contou à Polícia Federal que seu antigo chefe, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres (foto), tentou alterar o planejamento da PF para o segundo turno da eleição presidencial em 2022, a fim de aumentar o número de equipes de segurança nas ruas, publicou o Uol.
“E aí o ministro falou, não, mas tem que aumentar o efetivo, tem que aumentar o efetivo, não, tem que ser 100%, eu quero todo mundo na rua“, disse a ex-diretora de Inteligência em depoimento prestado no final de 2024.
À PF, Marília alegou que as ações tomadas em relação ao segundo turno foram em cumprimento às ordens de Torres.
Ela também acusou seu antigo chefe mentir ao dizer que ela teria agido por conta própria.
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A reunião convocada por Torres após o 1º turno
Segundo a ex-diretora de Inteligência, Torres convocou uma reunião com integrantes do ministério e os diretores da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal logo após o primeiro turno.
O objetivo era pedir um aumento do policiamento no segundo turno.
Ela contou ainda que o ex-ministro solicitou dados da distribuição das equipes da PF e da PRF para o dia do segundo turno.
Com dados em mães, ele teria criticado o planejamento da PF por estar muito concentrado nas áreas próximas das capitais.
Torres também teria solicitado um novo planejamento para ser enviado à Polícia Federal.
“Teve várias testemunhas sobre isso, os quatro colegas. Eu não vejo lógica de fazer isso sem uma determinação do ministro. A constatação é: ele, em vários momentos de outubro, falou sobre a preocupação, falava com o DG [diretor-geral], tem nos autos sobre essa questão, tanto é que ele foi à Bahia, e pediu para ser mandado o planejamento lá naquele momento para o SR [superintendente]”, acrescentou Marília em depoimento.
Ato de violência política
Para a PF, as ordens de Anderson Torres “para que se distribuíssem ostensivamente os policiais nas ruas, em especial em locais próximos às sessões eleitorais, com especial atenção à Bahia” configuram ato de violência política.
“Pode-se concluir, portanto, que Anderson Gustavo Torres declarou preferência eleitoral e promoveu o direcionamento de forças policiais para que, de forma conjunta, no dia das eleições, atuassem ostensivamente frente ao maior número possível de eleitores. Também proporcionou o incremento dos recursos orçamentários necessários para que isso ocorresse, sem que houvesse qualquer fundamento técnico, e levantando, em reuniões, a falsa ocorrência de crimes eleitorais que acobertariam o real fundamento de sua escolha”, escreveu a PF no relatório final da investigação.
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Comentários (1)
Sergio Garavelli
24.01.2025 08:39"Com dados em mães, ele teria criticado o planejamento da PF por estar muito concentrado nas áreas próximas das capitais." A revisão está falha...