Teich não pode ser mero preposto de Bolsonaro
Ao fazer a piada de que "está tudo sob controle, não sabemos de quem", à saída da posse do ministro Nelson Teich, Hamilton Mourão sintetizou a percepção -- e os temores -- dos milhões de cidadãos que assistem perplexos ao desgoverno federal no trato com a epidemia de Covid-19 no Brasil. Jair Bolsonaro quer dar um ponto final ao isolamento social e abrir o comércio e a economia...
Ao fazer a piada de que “está tudo sob controle, não sabemos de quem”, à saída da posse do ministro Nelson Teich, Hamilton Mourão sintetizou a percepção — e os temores — dos milhões de cidadãos que assistem perplexos ao desgoverno federal no trato com a epidemia de Covid-19 no Brasil.
Jair Bolsonaro quer dar um ponto final ao isolamento social e abrir o comércio e a economia como um todo, mas a falta de qualquer parâmetro para que essa abertura ocorra de maneira razoavelmente segura, aliada ao descompasso com as políticas estaduais e municipais, mais escurece o cenário do que o clareia.
O novo ministro da Saúde ainda não pode ser cobrado por nada, evidentemente, mas o seu discurso de posse muito vago e tartamudeado deixou ainda mais forte a impressão de que tudo permanecerá sob controle, só não se sabe de quem.
É urgente que Teich apresente os eventuais novos integrantes da sua equipe, e que os seus assessores sejam suficientemente reconhecidos pela comunidade médico-científica como capazes de fazer frente ao desafio de vencer a guerra contra um inimigo mortal. Também é fundamental que o trabalho feito até agora pelo Ministério da Saúde não seja jogado fora e que as estratégias sejam definidas o quanto antes. O novo ministro disse que precisará de quinze dias para elaborá-las. É muito tempo frente à emergência.
Teich aceitou o pior emprego do mundo neste momento, mas o fez de livre e espontânea vontade, no contexto da curva ascendente de novas infecções. Nada de complacência, portanto. Cabe a ele mostrar que está no controle. Na atual situação, não existe lugar para um mero preposto do inquilino do Planalto. Ou melhor, existe: a lata de lixo da história.
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