O Ministério da Saúde descartou cerca de um terço das contribuições enviadas pelo primeiro formulário da consulta pública sobre vacinação de crianças.

Como O Antagonista mostrou, no começo a consulta pública não fazia qualquer validação dos dados de cadastro. Era possível participar com CPF falso e também votar várias vezes.

Horas depois de começar a consulta, o ministério migrou para outra plataforma, que exige cadastro no portal gov.br. Essa mesma conta oficial é usada para acessar os serviços digitais do INSS, a carteira de trabalho digital e o seguro-desemprego.

Balanço obtido por O Antagonista mostra que foram enviados 75.826 formulários na primeira parte da consulta. Cerca de um terço, 24.175, foram “retirados” pelo ministério.

Na segunda parte da consulta foram 23.911 participantes, sendo retiradas 428 duplicidades, ou seja, menos de 2%.

A soma de todas as contribuições dá 99.737, ou 99.309 se retiradas as 428 duplicidades da segunda parte da consulta. Foi esse o número citado ontem pela secretária Rosana Melo, na audiência pública:

“Tivemos, senhores, 99.309 pessoas que participaram nesse curto intervalo de tempo, cujo documento eles (sic) teve (sic) para consulta pública”.

Esse balanço, porém, não leva em conta o descarte dos outros 24 mil formulários.

Até hoje, o ministério não informou a porcentagem das votações. Ontem, Rosana Melo limitou-se a dizer que “a maioria se mostrou concordante com a não compulsoriedade da vacinação”, o que é uma pegadinha. Não havia pergunta que permitisse ao cidadão se dizer favorável à vacinação obrigatória de crianças – que, de qualquer forma, já está prevista em lei.

Procurado por O Antagonista desde segunda-feira (3), o Ministério da Saúde ainda não respondeu às nossas perguntas sobre a consulta pública. Nesse mesmo dia, a pasta informou à imprensa ter recebido “24 mil contribuições da sociedade” na consulta pública. Foi desmentida no dia seguinte pela secretária Melo, que citou o número de 99.309.

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