Ruy Goiaba na Crusoé: Viva o bububu no bobobó Ruy Goiaba na Crusoé: Viva o bububu no bobobó
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Ruy Goiaba na Crusoé: Viva o bububu no bobobó

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Redação O Antagonista
3 minutos de leitura 07.04.2023 16:56 comentários
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Ruy Goiaba na Crusoé: Viva o bububu no bobobó

"Minha pátria é a língua portuguesa”, escreveu Fernando Pessoa em um dos perfis fake que usava décadas antes das redes sociais — o de Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego...

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Ruy Goiaba na Crusoé: Viva o bububu no bobobó
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“Minha pátria é a língua portuguesa”, escreveu Fernando Pessoa em um dos perfis fake que usava décadas antes das redes sociais — o de Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego. A minha, e talvez a de vocês também, é o português brasileiro. Assim como só me sinto de volta à pátria quando estou perto da Vila Madalena (sou vilamadalener, mas quase não exerço), tenho certo carinho por algumas expressões que são a cara do Bananão e funcionam, para mim, como comfort food linguística em um mundo hostil.

Por exemplo (nem sei quem observou isso primeiro, mas endosso totalmente): no Brasil, QUALQUER expressão que consista em verbo no infinitivo + artigo definido + substantivo no singular ganha imediatamente conotação sexual. Não é preciso nem citar expressões consagradas como “molhar o biscoito”, “afogar o ganso” ou “queimar a rosca”: basta dizer coisas como, sei lá, “polir a maçaneta”, “apertar o parafuso” ou “trocar o óleo”, que o brasileiro médio já começa a dar risadinhas e dizer coisas como “vai dar uma polida na sua maçaneta? Humm, tô sabendo. Tem muita gente pegando nela?”. A simples estrutura da frase desperta uma espécie de Costinha instantâneo em todo brasileirinho digno desse nome.

Outra expressão de pura brasilidade — nesse caso, brasilidade paulistana, acredito eu — é “nem tchuns”. Se a memória não me engana, vi pela primeira vez em uma charge de Angeli, o mais paulistano dos cartunistas. Mas acho que o significado é fácil de entender: alguém nem se importou, não deu bola, não ligou a mínima ou está se lixando, como em “mandei um belo buquê de flores para Fulana e ela nem tchuns”. Outra, que infelizmente parece ter saído de circulação depois da morte de Mussum, é “bacubufo no caterefofo”. Você não precisa conhecer a música dos Originais do Samba para intuir que é uma briga, com gente se dando tabefes e bordoadas — aquilo que os narradores de futebol costumam chamar de “cenas lamentáveis” quando elas acontecem no gramado.

Mas, para mim, o ápice da brasilidade extrema é “Tem Bububu no Bobobó”. Originalmente, esse é o nome de uma revista musical produzida por Walter Pinto no fim dos anos 1950, estrelando a vedete Virgínia Lane, os humoristas Walter d’Ávila e José Vasconcellos “e grande elenco”; ela foi reencenada várias vezes e ganhou uma versão filmada no início da década de 1980. O que interessa para este texto é que, até hoje, ninguém jamais precisou explicar a um brasileiro o que é bububu no bobobó. Se você for um legítimo brazuca, perceberá de imediato que se trata de maracutaia ou sacanagem. Ou, muito provavelmente, ambos.

O que representa o Brasil mais que…

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