O Primeiro Comando da Capital (PCC) está tentando se infiltrar nas eleições municipais de 2024, segundo uma apuração da Policia Civil de São Paulo.

Interceptações telefônicas revelaram que a facção criminosa lançou candidatos para concorrer a cargos públicos, em uma operação que ficou conhecida como Operação Decurio, deflagrada pela Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes.

De acordo com Policia, o suposto “núcleo político” da facção é liderado por João Gabriel de Mello Yamawaki, envolvido em um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro da organização.

Durante a operação, foram identificados dois candidatos a vereador – um em Mogi das Cruzes pelo União Brasil e outro em Santo André pelo PSD – que estão sendo investigados.

PCC atinge as eleições municipais?

As investigações apontam que os recursos financeiros usados na campanha eleitoral vêm da lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

João Gabriel de Mello Yamawaki, o suposto líder, teve sua prisão decretada junto com outros 20 acusados. A facção estaria injetando recursos ilícitos para financiar campanhas eleitorais, visando obter poder e influência política.

Fabiana Lopes Manzini, companheira de Anderson Manzini, um integrante do PCC preso, também está supostamente envolvida.

Ela estaria transmitindo ordens de presos para membros da organização em liberdade.

Envolvidos na Operação Decurio

Além de João Gabriel, outros três acusados de pertencer ao núcleo político foram identificados. Kelly Cristine Pereira de Oliveira, apontada como companheira de Márcio Barbosa da Silva, conhecido como Beiço de Mula, é uma das suspeitas.

Ela exerce um cargo comissionado na Prefeitura de São Bernardo do Campo, o que sugere uma possível influência do PCC em administrações públicas.

Marie Sassaki Obam: suposta candidata a vereadora em Mogi das Cruzes pelo União Brasil, ligada a João Gabriel.

Thiago Rocha de Paula: acusado de receber valores ilícitos e de ser candidato a vereador em Santo André.

Advogado Ahmed Hassan Saleh: teve prisão decretada e está envolvido em lavagem de dinheiro.

Impacto da Operação Decurio

A operação resultou no bloqueio de R$ 8,1 bilhões em bens relacionados ao PCC, a maior medida de sequestro de bens até hoje.

Foram expedidos 22 mandados de prisões temporárias e 55 de busca e apreensão, com 13 pessoas presas até o momento.

Além disso, várias empresas de diferentes setores foram implicadas, incluindo redes de restaurantes e bancos.

Os investidores descobriram que várias empresas e indivíduos ligados ao PCC tinham bens de alto valor.

Por exemplo, a Rede Kampai Restaurantes e o 4Bank foram identificados como parte do esquema de lavagem de dinheiro da facção, movimentando centenas de milhões de reais durante o período investigado.

Medidas e consequências legais

O juiz Paulo Fernando Deroma de Mello, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, foi o responsável por decretar o bloqueio de bens e expedir as prisões.

Entre os detidos está Ahmed Hassan Saleh, que possuía um cheque de R$ 55 milhões e outros bens de luxo.

A Operação Decurio revelou a complexa rede de influência e lavagem de dinheiro do PCC, ampliando a luta contra a corrupção e o crime organizado no Brasil.

Essa investigação é um passo significativo para garantir a integridade do processo eleitoral e combater a infiltração de organizações criminosas na política.