O relator do projeto de lei que, no momento, concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse nesta terça-feira, 30, que quer ouvir algumas “personalidades” sobre a proposta, entre elas o ex-deputado e ex-presidente do PT José Dirceu. Ele já pediu uma audiência com o petista.

“Mostrar para ele o que eu estou querendo fazer [no projeto]. Eu tenho uma relação com o Zé desde 1980, quando eu fui do PT, sempre fui amigo dele, companheiro dele, e queria ouvir ele um pouco sobre essa questão. Acho que ele é uma pessoa importante do Brasil hoje e que pode dar uma opinião talvez até contrária, mas uma opinião que eu gostaria de ouvir”, disse o parlamentar do Solidariedade sobre o eventual encontro, em entrevista a jornalistas.

Paulinho da Força reforçou que vai propor na Câmara um substitutivo que apenas reduza penas dos condenados, e não conceda um perdão. “Eu estou trabalhando com a ideia de fazer a média da opinião da Casa. Eu fui indicado relator por um grupo de líderes que confiam nesse trabalho. E todos esses líderes acham que o trabalho de uma anistia ampla, geral e irrestrita vai ser barrada no Supremo”, pontuou.

“Então, estaríamos trabalhando seis, sete meses para chegar lá e voltar à estaca zero. Por isso eu pretendo continuar achando que a redução de pena é algo que vai pacificar o país, na medida em que essas pessoas todas que estão presas vão para as suas casas”.

Ele segue discutindo o projeto de lei com as bancadas da Câmara. Nesta terça, se reuniu com o PL e com o PSD. Às 18h, deve se encontrar com o PCdoB. O deputado disse ainda acreditar que terminará de ouvir todos os partidos até quarta-feira, 1º. Amanhã também, tomará café da manhã em sua casa com familiares de presos do 8 de janeiro.

No PL, conheceu as duas filhas do Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão. Preso por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, Cleriston morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, em novembro de 2023.

Segundo o deputado, a previsão é apresentar o relatório sobre o projeto de lei depois que terminar as conversas e que tiver a garantia de que o texto será aprovado pelo Senado também. “O relatório é um negócio muito simples. Eu tenho brincado que o meu relatório não é o relatório do [ministro do STF Luiz] Fux, é um negócio bem curto e grosso de redução de duas ou três penas e, com isso, pacificar o país”, afirmou.

De acordo com o relator, o papel de articular com o Senado é do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta deve se encontrar com o presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre (União-AP) ainda hoje para tratar do tema.

O Partido Liberal (PL), ouvido por Paulinho da Força hoje à tarde, permanece contrário a uma versão do projeto que apenas reduza penas. A sigla quer uma anistia. Se não convencer o relator a mudar de entendimento, cogita apresentar um destaque no plenário para reintroduzir o perdão no texto.

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