Mourão, sobre possível volta de Lula: “Vai precisar de bom senso e coragem moral”
Em entrevista a O Antagonista, Hamilton Mourão disse acreditar que "Lula pode estar na frente" na corrida presidencial, mas não com a diferença de votos para Jair Bolsonaro que as pesquisas têm mostrado. "Eu acho que o presidente Bolsonaro, com um bom trabalho da equipe dele, tem condições de reverter isso aí e vencer a eleição...
Em entrevista a O Antagonista, Hamilton Mourão disse acreditar que “Lula pode estar na frente” na corrida presidencial, mas não com a diferença de votos para Jair Bolsonaro que as pesquisas têm mostrado.
“Eu acho que o presidente Bolsonaro, com um bom trabalho da equipe dele, tem condições de reverter isso aí e vencer a eleição.”
Perguntamos ao vice-presidente e general da reserva do Exército se ele se preocupa com a animosidade social diante da insistente polarização política no país.
“Essa animosidade, esse clima que se instalou no país de uns anos para cá começa no governo do PT, que criou a famosa expressão ‘nós contra eles’. Quando se cria uma expressão dessa, quando o ‘eles’ dá a volta por cima, o ‘nós’ começa a ter problema. Então, eu espero que o Lula e, principalmente, as lideranças do PT compreendam isso aí, que os problemas do Brasil são muito maiores do que esse [a polarização] e que ele [Lula] vai precisar [se eleito] ter o bom senso de governar de acordo com as regras estabelecidas e, principalmente, tendo a coragem moral de efetuar as reformas que têm que ser feitas, porque, senão, nós vamos continuar marcando passo.”
Mourão disse que, no entender dele, a pandemia interferiu na popularidade de Bolsonaro.
“Eu acho que a pandemia influenciou muito, porque, de três anos que nós tivemos até agora [de governo], dois foram numa situação extremamente excepcional, que foi essa questão da pandemia. Vamos lembrar: quando viramos ali para a entrada de 2020, havia a [expectativa da] entrega da reforma administrativa e da reforma tributária. Poderia ter passado esse período todo discutindo esses assuntos e ter avançado com eles. E, na realidade, o que é que aconteceu? Nós entramos num pântano da discussão da pandemia e, a partir daí, isso influenciou, vamos dizer assim, na perda de popularidade por parte do presidente Bolsonaro. Eu vejo dessa forma.”
Ao ser convidado a fazer um balanço da participação das Forças Armadas no governo Bolsonaro, Mourão repetiu o que costuma dizer: “Tem que separar isso aí. As Forças Armadas são as Forças Armadas”.
“É a mesma coisa: se nós tivéssemos um presidente que fosse médico e ele pegasse mais dois ou três médicos e os colocasse dentro do staff dele, aí você vai dizer que é um governo de médicos? Ninguém fala isso. Aí quando tem uns milicos no governo: ‘Ah, esse é um governo militar’, não sei o quê, as Forças Armadas estão envolvidas’. Não, as Forças Armadas estão lá.”
Ponderamos com o vice-presidente que o próprio Bolsonaro faz questão de puxar para si e para o seu governo as Forças Armadas, sobretudo o Exército.
“Eu acho que isso é mais uma coisa de retórica. Eu tenho falado que, muitas vezes, a gente tem que prestar muito mais atenção nos atos do que nas palavras. O presidente às vezes tem umas palavras mais fortes ou algumas expressões que ele usa que causam um certa espécie, mas ele não age dessa forma.”
Mourão saiu em defesa de ministros oriundos das Forças, como Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e até Eduardo Pazuello (ex-Saúde).
“Toda vez que você é exposto a uma situação de crise, você poderá ter decisões muito boas e ruins. Você está exposto. O Pazuello assumiu a Saúde num momento delicado. Ele fez coisas muito boas, mas o que fica muitas vezes é a crise de Manaus, a discussão eterna da cloroquina. As vacinas, na minha visão, foram compradas quando apareceram para serem compradas. Nós distribuímos tudo e quem quis se vacinar se vacinou. Eu acho que, quando você se expõe a uma situação que você sai da zona de conforto, consequentemente você tem que julgar a pessoa, e não a instituição à qual ela pertenceu.”
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