Lira declara guerra ao STF Lira declara guerra ao STF
O Antagonista

Lira declara guerra ao STF

avatar
Wilson Lima
5 minutos de leitura 16.08.2024 15:09 comentários
Brasil

Lira declara guerra ao STF

Presidente da Câmara encaminhou para a análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara a PEC que restringe decisões monocráticas de ministros do STF

avatar
Wilson Lima
5 minutos de leitura 16.08.2024 15:09 comentários 0
Lira declara guerra ao STF
Arthur Lira

Após o STF formar maioria para acompanhar o ministro Flávio Dino na concessão da limitar que suspendeu a execução de emendas impositivas apresentadas por deputados federais e senadores, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reagiu e determinou o desarquivamento da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita o poder dos ministros do Supremo.

Nesta sexta-feira, Lira encaminhou para a análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara a PEC que restringe decisões monocráticas de ministros do STF. O texto foi aprovado pelo Senado em novembro do ano passado e, desde então, estava na gaveta de Lira.

Agora, a expectativa é que a CCJ se debruce sobre a matéria já na semana que vem. O colegiado é comandado pela deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), uma das entusiastas da Proposta de Emenda constitucional.

O que prevê a PEC?

Apresentado pelo senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), o texto veda a concessão de decisão monocrática que suspenda a eficácia de lei – justamente o que ocorreu no caso das emendas parlamentares de transferência especial e as de pagamento obrigatório.

Decisão monocrática é aquela proferida por apenas um magistrado — em contraposição à decisão colegiada, que é tomada por um conjunto de ministros (tribunais superiores) ou desembargadores (tribunais de segunda instância). Senadores decidiram retirar da proposta trecho que estabelecia prazos para os pedidos de vista. 

Nesta sexta-feira, o STF iniciou um julgamento no plenário virtual para referendar uma liminar concedida por Dino, que suspendeu a execução das emendas obrigatórias. A decisão ocorreu na quarta-feira, 14. O ministro ex-governador do Maranhão atendeu a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pelo PSOL em 8 de agosto, que pedia a decretação da inconstitucionalidade das atuais regras de divisão do bolo do Orçamento da União com deputados e senadores.

Como mostramos, em virtude de uma crise instaurada entre o Judiciário e o Congresso Nacional, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, decidiu antecipar o julgamento no plenário virtual que, a princípio, estava marcado para o final do mês de agosto.

Como foi o julgamento?

Até o momento, acompanharam Dino os ministros André Mendonça, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. O julgamento virtual termina às 23h59 desta sexta-feira. Isso se nenhum ministro fizer algum pedido de vista.

Em seu voto, o ministro Flávio Dino, relator da ação, afirmou que decidiu manter a sua decisão provisória por “estar ocorrendo reuniões técnicas entre os órgãos interessados” para se achar uma solução consensual para melhorar a transparência da execução das emendas parlamentares. Entre os atores dessas reuniões, foram citados ministros do STF e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“É uma grave anomalia que tenhamos um sistema presidencialista, oriundo do voto popular, convivendo com a figura de parlamentares que ordenam despesas discricionárias como se autoridades administrativas fossem. Em outras palavras, o equivocado desenho prático das emendas impositivas gerou a ‘parlamentarização’ das despesas públicas”, disse Dino em sua manifestação contrária ao atual regime de pagamento das emendas impositivas.

Quando houve a escalada da crise das emendas?

A crise entre STF e Congresso aumentou após Dino ter suspendido, liminarmente, o pagamento de todas as emendas impositivas – aquelas em que o governo federal é obrigado a pagar até o final do ano – apresentadas por deputados federais e senadores ao orçamento da União, até que o Congresso edite novos procedimentos para que a liberação dos recursos observe os requisitos de transparência, rastreabilidade e eficiência.

O Congresso recorreu ao presidente do STF para tentar sustar a determinação de Dino. Mas Barroso negou a concessão da liminar.

Antes disso, no começo de agosto, o ministro do STF determinou que seja garantida transparência e rastreabilidade nas emendas Pix. Esse mecanismo permite que deputados e senadores façam transferências diretas para estados e municípios sem definição específica do uso do dinheiro pelas prefeituras.

Em outra decisão, Dino determinou que o Controladoria-Geral da União (CGU) faça uma auditoria nas transferências especiais (as chamadas emendas Pix) em até 90 dias. Apesar disso, parlamentares do Centrão consideram a medida como uma “interferência” do STF sobre o Legislativo.

Após as decisões de Dino, o Congresso declarou guerra ao Judiciário ao tentar barrar uma medida provisória com um crédito extraordinário de 1,3 bilhão de reais que seria utilizado para a recomposição de salários no Poder Judiciário. Lira tenta atuar como bombeiro nesta situação.

Leia mais: Em defesa de Flávio Dino. Sério mesmo? 

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Daniela Mercury arremessa banco; empresária reage indignada

Visualizar notícia
2

Hora de pagar a conta

Visualizar notícia
3

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
4

Emmy 2024: Surpresas, recordes e propagandas embaraçosas

Visualizar notícia
5

Malafaia aponta "armação de vitimização" de Marçal após cadeirada

Visualizar notícia
6

Senador quer CPI para apurar inquéritos conduzidos por Moraes

Visualizar notícia
7

A cadeira que Datena usou para agredir Marçal

Visualizar notícia
8

Marçal, Datena e a distorção da masculinidade

Visualizar notícia
9

Homem preso por tentativa "quixotesca" de assassinato de Trump

Visualizar notícia
10

Marçal pediu perdão a Datena antes do debate?

Visualizar notícia
1

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
2

Senador quer CPI para apurar inquéritos conduzidos por Moraes

Visualizar notícia
3

Marçal, Datena e a distorção da masculinidade

Visualizar notícia
4

Marçal x Datena: estamos mesmo em São Paulo, em 2024?

Visualizar notícia
5

“Errei, mas de forma alguma me arrependo”, diz Datena sobre cadeirada em Marçal

Visualizar notícia
6

Irã: 34 prisioneiras iniciam greve de fome

Visualizar notícia
7

Cadeirada na TV: Marçal registra queixa contra Datena por lesão corporal

Visualizar notícia
8

Marçal pediu perdão a Datena antes do debate?

Visualizar notícia
9

Debate é marcado por 'cadeirada' de Datena em Marçal; apresentador é expulso

Visualizar notícia
1

Como o tráfico de drogas mantém o regime da Venezuela unido

Visualizar notícia
2

Governo Lula desperdiça R$ 260 mi em vacinas contra Covid

Visualizar notícia
3

Polícia Civil investiga cadeirada de Datena em Marçal

Visualizar notícia
4

Irmão de Bolsonaro enfrenta Republicanos e PP em disputa pela prefeitura de Registro (SP)

Visualizar notícia
5

Crusoé: Trump culpa Kamala e Biden por 2ª tentativa de assassinato

Visualizar notícia
6

Crusoé: Exército russo deve se tornar o segundo maior do mundo

Visualizar notícia
7

Depois de Starbucks, Zamp assume operação da Subway no Brasil

Visualizar notícia
8

Alemanha: ativistas pró-Palestina contra palestra sobre feriados judaicos

Visualizar notícia
9

Deputado diz que chamaria Marçal para o 'tatame'

Visualizar notícia
10

Rússia encerra programa da ONG Médicos Sem Fronteiras

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Arthur Lira Emendas parlamentares STF
< Notícia Anterior

Virginia Fonseca exibe suas louças personalizadas da mansão

16.08.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Calor extremamente alto na Europa teve 47 mil mortes relacionadas em 2023

16.08.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Sapucaia: Briga por dinheiro termina com feridos

Sapucaia: Briga por dinheiro termina com feridos

Visualizar notícia
Como o tráfico de drogas mantém o regime da Venezuela unido

Como o tráfico de drogas mantém o regime da Venezuela unido

Visualizar notícia
Governo Lula desperdiça R$ 260 mi em vacinas contra Covid

Governo Lula desperdiça R$ 260 mi em vacinas contra Covid

Visualizar notícia
Polícia Civil investiga cadeirada de Datena em Marçal

Polícia Civil investiga cadeirada de Datena em Marçal

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.