Linha do tempo: Moro e Lava Jato incomodam o establishment
O Antagonista apresenta um resumo das relações recentes entre Sergio Moro, Lava Jato, PF, Odebrecht, STF, bolsonarismo, petismo, PSDB, MDB e Centrão. 2014 - Jair Bolsonaro e Carluxo fazem campanha para...
O Antagonista apresenta um resumo das relações recentes entre Sergio Moro, Lava Jato, PF, STF, bolsonarismo, petismo, PSDB, MDB e Centrão.
2014
– Jair Bolsonaro e Carluxo fazem campanha para Aécio Neves (PSDB), pedindo votos nas ruas, com adesivos do tucano em suas camisetas. Carluxo publica no Youtube o vídeo Aécio / Bolsonaro: Contra a cubanização do Brasil, com cenas da campanha conjunta.
– Dilma Roussef é reeleita, derrotando Aécio.
2015
– Sergio Moro, juiz da Lava Jato em Curitiba, decreta prisões preventivas de Marcelo Odebrecht.
– O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto é preso (e acaba sendo condenado cinco vezes por Moro).
– Manifestações antipetistas ganham corpo nas ruas.
2016
– Odebrecht fecha delação premiada.
– Lava Jato prende João Santana, marqueteiro do PT.
– Moro manda prender Antônio Palocci, ex-ministro de governos do PT.
– Dilma Roussef é “impichada” por fraudes fiscais e o vice Michel Temer assume a presidência.
– Moro manda prender e depois condena Eduardo Cunha (MDB) por propina em esquema na Petrobras.
2017
– Moro condena Lula à prisão no caso do sítio de Atibaia, propina do petrolão.
– Joesley e Wesley Batista, proprietários da JBS, fecham delação premiada no âmbito da Lava Jato. Vêm à tona um áudio comprometedor de Joesley com Aécio e outro com Temer.
– Temer escapa do impeachment (mas segue alvo de investigações, sendo depois preso em 2019 e solto). Aécio fica protegido pelo foro privilegiado de senador no STF (e em 2018, mesmo desgastado, é eleito deputado federal, mantendo a prerrogativa e a liberdade).
2018
– TRF-4 mantém condenação e aumenta pena de Lula no caso do triplex.
– Lula é preso. José Dirceu também é preso no âmbito da Lava Jato, mas é novamente solto pela Segunda Turma do STF, com votos de Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.
– Jair Bolsonaro, um mês após ser alvo de facada de Adélio Bispo, é eleito presidente, pregando combate à corrupção e apoio à Lava Jato.
– Moro aceita convite do presidente eleito para ser ministro da Justiça e Segurança Pública. Bolsonaro lhe promete carta branca no ministério, inclusive para escolher o diretor-geral da Polícia Federal, como diz em entrevista na TV.
– Rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro vem à tona pelo Coaf, no âmbito da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato. O ex-assessor Fabrício Queiroz, amigo de Jair, ganha o noticiário. Jair tenta explicar depósito de Queiroz na conta da futura primeira-dama como quitação de um empréstimo que lhe teria feito, mas sobre o qual não revela detalhes.
2019
– Gabriela Hardt, que assume o lugar de Moro em Curitiba, condena Lula no caso do sítio de Atibaia, com base, entre outros elementos, na delação da Odebrecht. João Vaccari Neto, porém, é solto, beneficiado por indulto natalino de Michel Temer.
– TRF-4 mantém condenação e aumenta pena de Lula no caso do sítio.
– Alexandre de Moraes censura Crusoé e Antagonista no âmbito do inquérito aberto por Dias Toffoli contra supostas fake news, ameaças e ofensas ao STF.
– Bolsonaro endossa o “direito garantido” no regimento interno do STF de Toffoli abrir o inquérito, como defendeu o AGU André Mendonça.
– Toffoli suspende investigações baseadas em dados do Coaf, como a que atinge Flávio Bolsonaro.
– Enquanto Toffoli segura a investigação de Flávio (até o plenário liberá-la quatro meses depois), a família Bolsonaro faz campanha contra a CPI da Lava Toga, que investigaria Toffoli, inclusive pela abertura do inquérito contra supostas fake news, ameaças e ofensas. CPI é enterrada.
– Bolsonaro tenta trocar o Superintendente da PF do Rio de Janeiro, após inquérito eleitoral sobre Flávio Bolsonaro avançar na PF do Rio. Primeiro atrito com Moro sobre o tema.
– Bolsonaro indica Augusto Aras, aliado de petistas e detrator da Lava Jato, para a PGR, ignorando a liste tríplice do MPF. Aras, assim como Mendonça, defende o inquérito das fake news, aberto por Toffoli.
– Bolsonaro manda apagar de seu Twitter defesa da prisão em segunda instância, no primeiro dia de julgamento da medida no STF, depois derrubada pelo plenário, com voto de desempate de Toffoli. Em consequência da decisão do Supremo, Lula é solto.
– Bolsonaro sanciona a criação da figura do juiz de garantias, além de restrições a prisões preventivas e a delações premiadas: três itens defendidos pelo PT.
2020
– Bolsonaro sanciona lei que transfere o Coaf (antes alocado na pasta de Moro, que queria mantê-lo) ao Banco Central.
– Bolsonaro desdenha da pandemia de coronavírus, que avança pelo país, matando mais de 75 mil pessoas. Dois ministros da Saúde (que são médicos) deixam o cargo, recusando-se a seguir o negacionismo do presidente. Por pelo menos dois meses, fica como interino o general Eduardo Pazuello, com quem Bolsonaro só se reúne duas vezes.
– Moro deixa o governo em 24/4 apontando interferência de Jair Bolsonaro na PF. PGR abre inquérito para apurar, deixando margem para enquadrar Moro por denunciação caluniosa.
– Bolsonaro troca diretor-geral da PF. O primeiro escolhido para a vaga tem a nomeação suspensa por Alexandre de Moraes, mas o segundo entra e imediatamente troca o superintendente da PF no Rio, como queria Bolsonaro.
– Vídeo da reunião ministerial de 22/4 mostra Bolsonaro dizendo: “Eu não vou esperar foder minha família e amigo meu.” E olhando para Moro: “Vou interferir!”
– Mensagens anteriores e posteriores à reunião, reveladas por Moro, confirmam intenção de Bolsonaro de trocar diretor-geral da PF em razão de investigações sobre bolsonaristas.
– Por causa dessa comprovada motivação, Moraes blinda delegados da PF atuantes no inquérito das fakes news, para que não sejam trocados pelo novo indicado por Bolsonaro.
– André Mendonça, ex-AGU, vira ministro no lugar de Moro. Bolsonaro escolhe José Levi, cuja esposa é assessora de Gilmar Mendes, para AGU.
– Bolsonaristas viram alvos de batidas policiais no âmbito do inquérito das fake news e também de outro, aberto pelo PGR, que apura atos antidemocráticos. Também avançam investigações sobre funcionários fantasmas em gabinetes de Jair, Flávio e Carlos, bem como sobre militância virtual anônima e remunerada com dinheiro público no gabinete de Eduardo Bolsonaro, como identificou a CPMI das Fake News. Facebook confirma a existência de contas sem transparência administradas por militantes virtuais lotados em gabinetes bolsonaristas, como mostrou Crusoé em reportagem de outubro de 2019. A plataforma decide derrubar as contas e a CPMI pede acesso ao relatório.
– Bolsonaro, contrariando promessa de campanha, faz ‘toma lá, dá cá’ com Centrão em busca de apoio contra eventual processo de impeachment.
– Bolsonaro, após declarações como “Acabou, porra!”, tenta baixar a tensão com o STF.
– Com base nas investigações decorrentes da delação da Odebrecht, Lava Jato de São Paulo denuncia José Serra (PSDB) e indicia Geraldo Alckmin (PSDB).
– Fabrício Queiroz é preso em sítio de advogado de Jair e Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef. Sua mulher é dada como foragida.
– O senador Flávio Bolsonaro ganha do TJ do Rio foro privilegiado retroativo, relativo ao mandato de deputado estadual. MP do Rio pede ao STF que o caso volte à primeira instância. Pedido cai com Gilmar.
– Presidente do STJ, João Otávio de Noronha, que disputa indicação de Bolsonaro ao STF, manda Queiroz e sua mulher foragida para prisão domiciliar.
– Gilmar acusa militares de se associarem a um genocídio e eles reagem com reclamação na PGR, tentando enquadrá-lo, não por acaso, em lei usada por Moraes para enquadrar bolsonaristas.
– Bolsonaro busca colocar panos quentes na relação com Gilmar, relator do caso Flávio.
– PGR escolhido por Bolsonaro tenta obter dados sigilosos da Lava Jato. Toffoli autoriza. O establishment comemora.
– O bolsonarismo, assim como o PT e o Centrão, ataca Moro e Lava Jato, e tenta esvaziar a PEC da prisão em segunda instância. A PEC do fim do foro segue deixada de lado na Câmara. Cinicamente, bolsonaristas também acusam Moro de proteger o PSDB, atingido graças à delação para a qual seu trabalho como juiz da força-tarefa em Curitiba foi decisivo.
– “Se quiséssemos proteger alguém, tínhamos matado a delação da Odebrecht na origem”, diz Moro a O Antagonista.
– “Há pelo menos seis meses o governo, Planalto incluído, sabe que a Procuradoria-Geral da República guarda informações desabonadoras sobre ministros de tribunais superiores”, diz Crusoé. O entorno de Jair Bolsonaro recebeu bem a notícia.
– Segue o jogo em Brasília, com a busca e a exploração de informações comprometedoras, reais ou inventadas, sobre potenciais adversários eleitorais e potenciais aliados na blindagem recíproca e coletiva, conhecida como acordão.
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