Jair Bolsonaro: da "gripezinha" ao casamento com o Centrão Jair Bolsonaro: da "gripezinha" ao casamento com o Centrão
O Antagonista

Jair Bolsonaro: da “gripezinha” ao casamento com o Centrão

avatar
Redação O Antagonista
9 minutos de leitura 31.12.2020 15:00 comentários
Brasil

Jair Bolsonaro: da “gripezinha” ao casamento com o Centrão

O ano de 2020 será lembrado, em todo o mundo, como o da pandemia de Covid-19 que causou uma crise sanitária até então sem precedentes. No Brasil, haverá um capítulo especial sobre a incompetência e absoluta irresponsabilidade de Jair Bolsonaro no enfrentamento do tema...

avatar
Redação O Antagonista
9 minutos de leitura 31.12.2020 15:00 comentários 0
Jair Bolsonaro: da “gripezinha” ao casamento com o Centrão
Foto: Alan Santos/PR

O ano de 2020 será lembrado, em todo o mundo, como o da pandemia de Covid-19 que causou uma crise sanitária até então sem precedentes. No Brasil, haverá um capítulo especial sobre a incompetência e absoluta irresponsabilidade de Jair Bolsonaro no enfrentamento do tema.

Ao longo do ano, o presidente se empenhou como nenhum outro líder mundial em desdenhar da Covid-19, que paralisou as maiores economias do planeta (e as menores também), e matou mais de 1,7 milhão de pessoas – segundo dados de até o fim de dezembro.

No começo do ano, Bolsonaro viajou para a Flórida, onde se encontrou com Donald Trump. Durante a viagem, o presidente da República afirmou que a pandemia “não era tudo isso” e que não passava de uma “fantasia propagada pela imprensa. Mais de 20 pessoas que estiveram na comitiva presidencial foram infectadas pelo coronavírus, entre elas o ministro Augusto Heleno. O primeiro caso confirmado foi o do secretário de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten.

Em 24 de março, o presidente da República fez um pronunciamento transmitido em rede nacional criticando as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos e comparou a Covid-19 a uma “gripezinha” ou “resfriadinho”.

No dia seguinte, Bolsonaro e o governador João Doria trocaram farpas durante videoconferência sobre o combate ao coronavírus. Na reunião, o presidente disse que o tucano não era “exemplo para ninguém”.

O governo aprovou no fim do mesmo mês os R$ 600 de auxílio emergencial para atender a trabalhadores informais afetados pela crise. O valor foi três vezes maior do que o inicialmente proposto pela equipe econômica. A “gripezinha” ajudou, assim, a segurar a queda na popularidade de Bolsonaro.

Desde o começo da pandemia, o presidente contrariou as orientações das autoridades de saúde e incentivou e participou de aglomerações, sem máscara, e indicou remédios sem nenhuma eficácia contra a Covid-19.

Após inúmeras divergências públicas sobre a forma de conter a pandemia, e com medo da sombra que estava sendo projetada sobre ele, Bolsonaro demitiu o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e escolheu o oncologista Nelson Teich para assumir o seu cargo. 

Teich pediu demissão antes de completar um mês no ministério — a saída dele esteve diretamente relacionada à insistência do presidente da República no uso da cloroquina.

Em abril, questionado sobre o fato de o Brasil ter passado a China em número de mortes por Covid-19, Bolsonaro respondeu: E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?.

No mesmo mês, o STF decidiu, por unanimidade, que estados e municípios tinham autonomia para determinar o isolamento social em meio à pandemia. O presidente, então, passou a afirmar que o Supremo havia retirado dele toda e qualquer responsabilidade sobre o combate à Covid-19, uma evidente mentira.

Acompanhado de Paulo Guedes e empresários, Bolsonaro atravessou a pé a Praça dos Três Poderes para ir até o STF fazer um apelo ao então presidente da corte, Dias Toffoli, pelo fim do isolamento social e a retomada integral das atividades econômicas

Polêmicas relacionadas a outros temas também marcaram o segundo ano de mandato do governo Bolsonaro.

Sergio Moro deixou o Ministério da Justiça e da Segurança Pública depois que o presidente tirou Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal. No pronunciamento histórico em que anunciou a sua saída, Moro afirmou que o presidente queria interferir politicamente na PF, para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência do órgão.

A acusação caiu como uma bomba no colo de Bolsonaro. A saída de Moro resultou ainda na abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal

Na reunião ministerial do dia 22 de abril, cujo vídeo o então ministro do STF Celso de Mello mandou divulgar, como relator do inquérito que a apura a interferência na polícia federal, o presidente deixou evidente sua intenção de mudar o comando da Superintendência do Rio e do diretor-geral da PF. 

No vídeo divulgado em maio, é possível ver Bolsonaro afirmando: “Eu não vou esperar foder minha família e amigo meu.” E olhando para Moro: “Vou interferir!

Bolsonaro escolheu André Mendonça para o lugar de Moro no Ministério da Justiça e Alexandre Ramagem para o comando da PF. O ministro Alexandre de Moraes, porém, suspendeu a nomeação de Ramagem, que virou homem de confiança da família Bolsonaro.

No caso da suspensão, determinada sob alegação de falta de impessoalidade na escolha, o presidente afirmou que não havia engolido a medida do magistrado e provocou:

“Não justifica a questão da impessoalidade. Como é que o senhor Alexandre de Moraes foi para o Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer. Ou não foi?”

Em meio aos atritos com o STF, Bolsonaro participou de diversas manifestações em que bolsonaristas defendiam, entre outras coisas, o fechamento do Supremo e do Congresso. Num desses atos, ergueu uma caixa de cloroquina para os apoiadores como se fosse um troféu. 

Em 18 de junho, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro acusado de operar o suposto esquema de rachadinha do filho do presidente n Alerj, foi preso em Atibaia, num desdobramento da investigação sobre as rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. 

O ex-PM estava em um imóvel de Frederick Wassef, então advogado da família. O presidente classificou a prisão como espetaculosa”.

No mesmo dia, Abraham Weintraub anunciou sua saída do Ministério da Educação. O anúncio foi feito por meio de vídeo ao lado de Bolsonaro, que estava claramente constrangido.

Em julho, o presidente anunciou que estava com Covid-19, mas que se sentia “perfeitamente bem”. Afirmou ainda que havia tomado hidroxicloroquina para o início do tratamento.

Questionado sobre o depósito de R$ 89 mil em cheques de Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro, como revelado pela Crusoé, o presidente ameaçou um repórter: Minha vontade é encher tua boca na porrada.”

O ano de 2020 também foi marcado pelo casamento de Bolsonaro com o Centrão, a tábua de salvação do presidente em relação às dezenas de pedidos de impeachment que se acumulam na Câmara. 

Com a aproximação política com os partidos do grupo, o deputado Major Vitor Hugo foi ejetado do cargo de líder do governo na Câmara. Viu-se substituído pelo ínclito deputado Ricardo Barros, do Progressistas. 

Bolsonaro trocou ainda os vice-líderes do governo na Câmara. A nova formação dispensou aliados próximos para abrir espaço ao Centrão. Na lista dos chutados, estavam Carla Zambelli, Bia Kicis e Carlos Jordy, entre outros.

Também nomeou indicado do senador Ciro Nogueira e do deputado Arthur Lira para o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Lira é atualmente o candidato de Bolsonaro para a sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara. 

Em outubro, Bolsonaro indicou o desembargador Kassio Nunes Marques para vaga de Celso de Mello no STF.  O nome de Kassio foi colocado na mesa do presidente por Wassef. Além disso, o desembargador foi apadrinhado também por Flávio Bolsonaro e líderes do Centrão — os petistas igualmente ficaram satisfeitos.

Foi preciso afastar dois ministros da Saúde em meio à maior crise sanitária para que finalmente Bolsonaro encontrasse um nome que aceitasse compactuar com suas teorias conspiratórias na política do governo: o general Eduardo Pazuello.

Em outubro, o general mostrou que tinha vocação para ser soldado

Bolsonaro desautorizou o ministro que havia anunciado acordo com o estado de São Paulo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.

Depois, Pazuello afirmou em uma transmissão ao vivo ao lado de Bolsonaro que no governo é simples assim: um manda e o outro obedece.

O presidente também comemorou a suspensão temporária pela Anvisa dos estudos clínicos da Coronavac no Brasil e afirmou: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”A suspensão do estudo clínico do imunizante ocorreu após a morte de um voluntário brasileiro. Como o óbito não estava relacionado à vacina, a agência liberou os testes logo em seguida.

Nas eleições municipais de 2020, o presidente foi um fiasco como cabo eleitoral.

Nos Estados Unidos, Donald Trump, espelho do presidente brasileiro, não conseguiu a reeleição. Bolsonaro foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Joe Biden.

Neste final de ano, enquanto países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e até a Arábia Saudita iniciaram a vacinação em massa contra a Covid-19, os brasileiros ainda se veem em meio a uma disputa política protagonizada por Jair Bolsonaro, que faz de tudo para desacreditar a eficácia das vacinas.

Em 12 de dezembro, o Ministério da Saúde apresentou ao STF um plano nacional de vacinação. O texto, porém, não trouxe um cronograma para a imunização. 

No meio de tudo isso, o país volta a bater recorde diário de novos casos da doença e se aproxima das 200 mil mortes pela “gripezinha” da Covid-19. Mas Bolsonaro não faz caso da hecatombe, como um sociopata, Em conversa com Eduardo, seu filho, ele disse que a pressa para o país ter uma vacina “não se justifica” e que “a pandemia está chegado ao fim”.

Bolsonaro é o fim.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Justiça Eleitoral de Goiás torna Caiado inelegível por 8 anos

Visualizar notícia
2

Lançamento de “The Brutalist”: Tudo sobre o filme que promete virar um clássico

Visualizar notícia
3

Crusoé: Lula não confia em Alckmin?

Visualizar notícia
4

Sem liberação de emendas, deputados vão esvaziar pacote fiscal de Haddad

Visualizar notícia
5

Câmara amplia bomba fiscal e aprova refinanciamento da dívida dos Estados

Visualizar notícia
6

“A idolatria mórbida a Luigi Mangione”

Visualizar notícia
7

Crusoé: Fábrica da “droga da jihad” é encontrada na Síria

Visualizar notícia
8

Quase ninguém confia no pacote fiscal de Haddad, indica Quaest

Visualizar notícia
9

Os escolhidos do Planalto para aprovar o pacote fiscal

Visualizar notícia
10

Senador de Alagoas consegue boquinha para sogra na Câmara

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Crusoé: Evo Morales acusa governo boliviano de tentar envenena-lo

Visualizar notícia
2

Y2K: Comédia e inteligência artificial em um filme que promete surpreender

Visualizar notícia
3

Onélia: a quinta esposa de ministro de Lula em tribunais de contas

Visualizar notícia
4

Fux ironiza Musk em julgamento sobre redes sociais

Visualizar notícia
5

Reforma tributária: impasse domina debate na CCJ

Visualizar notícia
6

Khamenei faz primeiro pronunciamento após queda de Assad

Visualizar notícia
7

BC reage a “cenário mais adverso” com mais um ponto na taxa de juros

Visualizar notícia
8

PF intima Valdemar Costa Neto e ex-assessor de Bolsonaro

Visualizar notícia
9

Barroso pede vista em julgamento sobre redes sociais

Visualizar notícia
10

"Até cansou a vista", diz Toffoli sobre próprio voto

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Abraham Weintraub Alexandre de Moraes Augusto Heleno Celso de Mello Centrão Ciro Nogueira cloroquina coronavírus covid-19 Donald Trump E daí? Eduardo Pazuello Eleições 2020 Estados Unidos gripezinha interferência na PF Jair Bolsonaro João Doria Kassio Nunes Marques Luiz Henrique Mandetta Ministério da Saúde Nelson Teich Pandemia Polícia Federal Retrospectiva 2020 São Paulo Sergio Moro Sinovac vacina chinesa
< Notícia Anterior

Escolas públicas perderam quase 650 mil matrículas em 2020, mostra Censo Escolar

31.12.2020 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Covid-19: vacinação nos EUA fica abaixo da meta para 2020

31.12.2020 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Viih Tube perde 10kg após problemas com a saúde do filho

Viih Tube perde 10kg após problemas com a saúde do filho

Visualizar notícia
Gisele Bündchen planeja casamento discreto na Costa Rica

Gisele Bündchen planeja casamento discreto na Costa Rica

Visualizar notícia
Onélia: a quinta esposa de ministro de Lula em tribunais de contas

Onélia: a quinta esposa de ministro de Lula em tribunais de contas

Visualizar notícia
Fux ironiza Musk em julgamento sobre redes sociais

Fux ironiza Musk em julgamento sobre redes sociais

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.