Flávio Bolsonaro e a blindagem suprema Flávio Bolsonaro e a blindagem suprema
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Flávio Bolsonaro e a blindagem suprema

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4 minutos de leitura 31.12.2019 16:00 comentários
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Flávio Bolsonaro e a blindagem suprema

O senador Flávio Bolsonaro era para ser o filho menos problemático, digamos assim, de Jair Bolsonaro. Mas foi a maior fonte de dores de cabeça reais para o seu pai. As notícias sobre a sua movimentação bancária atípica, que pipocaram no final de 2018, eram apenas prenúncio do que veio à tona em fevereiro deste ano, com a descoberta de que o filho mais velho do presidente da República era alvo de inquérito criminal por suspeita de...

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Flávio Bolsonaro e a blindagem suprema
Flavio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro era para ser o filho menos problemático, digamos assim, de Jair Bolsonaro. Mas foi a maior fonte de dores de cabeça reais para o seu pai.

As notícias sobre a sua movimentação bancária atípica, que pipocaram no final de 2018, eram apenas prenúncio do que começou a vir à tona em fevereiro deste ano, com a descoberta de que o filho mais velho do presidente da República era alvo de inquérito criminal por suspeita de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

O processo envolve negociações relâmpago de imóveis, com aumento exponencial do patrimônio.

Além disso, descobriu-se que as movimentações nas contas de Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio, atingiram R$ 7 milhões entre os anos de 2014 e 2017.

Até então, o que se sabia era que Queiroz havia movimentado R$ 1,2 milhão em transações suspeitas de serem fruto de rachadinha dos salários dos servidores do gabinete do então deputado Flávio na Alerj.

Em janeiro, o senador eleito não apareceu para depor ao Ministério Público para explicar a movimentação atípica de Queiroz. Alegou que não era investigado e que não teve acesso aos autos do procedimento aberto pelo MP.

A falta de explicação plausível para os dinheiros que foram aparecendo causou desconforto na equipe de Sergio Moro.

No mesmo mês, a pedido da defesa de Flávio, Luiz Fux suspendeu as investigações.

A solicitação ao ministro do STF era curiosa porque reivindicou uma espécie de foro privilegiado antecipado ao filho do presidente, que na ocasião ainda não tomara posse como senador.

O ministro Marco Aurélio Mello, então, “remeteu ao lixo” o pedido e as investigações prosseguiram no MP-RJ.

O acordão para salvar Flávio foi sacramentado de fato em 16 de julho. Foi nesse dia que Dias Toffoli proferiu a decisão que travou a única investigação com potencial de causar embaraços sérios para o clã Bolsonaro na Justiça.

Em uma canetada, durante o recesso do Judiciário, Toffoli atendeu ao pedido dos advogados do senador e suspendeu investigações criminais no país que usassem dados detalhados de órgãos de controle —como Coaf, Receita Federal e Banco Central— sem autorização judicial.

Acatar o pedido de Flávio para que o Coaf não repassasse os dados fiscais, como mostrou a reportagem de capa da edição 68 da Crusoé, ajudou tanto a família do presidente da República quanto ministros do Supremo — no caso, o próprio Toffoli e de Gilmar Mendes.

A decisão, claro, também contribuiu para frear a Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, a canetada de Toffoli para blindar Flávio paralisou 935 investigações ao todo.

Em 30 de setembro, foi a vez de Gilmar contribuir com o acordão: o ministro suspendeu todos os processos envolvendo o filho do presidente.

Coincidentemente ou não, no mesmo mês Flávio atuou para enterrar no Senado a terceira tentativa de instalar a CPI da Lava Toga.

O filho do presidente telefonou aos berros para a senadora Selma Arruda, a Juíza Selma, a fim de que ela retirasse sua assinatura da CPI.

Vocês querem me foder! Vocês querem foder o governo!

Em novembro, o STF julgou a liminar de Toffoli que suspendeu todos os inquéritos baseados em informações do antigo Coaf e da Receita Federal.

Por ampla maioria, o plenário garantiu a possibilidade de compartilhamento de informações sigilosas com o Ministério Público e a polícia, sem aval judicial. A blindagem suprema caiu e o MP do Rio amanheceu, em 18 de dezembro, fazendo busca e apreensão na loja de chocolates de Flávio, na Barra da Tijuca, e em endereços de gente que, direta ou indiretamente, está ligada a ele, como o ex-assessor Queiroz, parentes dele, Ana Cristina Siqueira Valle (ex-mulher de Jair Bolsonaro) e familiares dela.

Um dia depois da operação de busca e apreensão, Flávio Bolsonaro entrou com um pedido de habeas corpus no Supremo.

Em 2020, o filho 01 continuará a ser fonte de dores de cabeça para o seu pai. Ainda maiores, pelo visto.

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