Flávio Bolsonaro: ainda mais enrolado Flávio Bolsonaro: ainda mais enrolado
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Flávio Bolsonaro: ainda mais enrolado

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5 minutos de leitura 31.12.2020 13:00 comentários
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Flávio Bolsonaro: ainda mais enrolado

A investigação sobre o esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, atingiu um novo patamar em 2020...

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Flávio Bolsonaro: ainda mais enrolado
Foto: Adriano Machado/Crusoé

A investigação sobre o esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, atingiu um novo patamar em 2020.

Em 18 de junho, o ex-assessor Fabrício Queiroz foi preso em Atibaia no sítio do advogado Frederick Wassef, então responsável pelas defesas do hoje senador Flávio e Jair Bolsonaro.

O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura o esquema das rachadinhas.

A operação foi batizada de “Anjo”, em referência ao apelido dado a Wassef pela família Queiroz.

Três dias depois, o advogado deixou a defesa de Flávio. Na mesma noite, o senador destacou o trabalho e a lealdade de Wassef.

O empresário Paulo Marinho, um dos mais próximos apoiadores de Bolsonaro na campanha presidencial, também jogou uma bomba no colo do senador neste ano.

Em entrevista, Marinho afirmou que o filho 01 do presidente da República foi alertado com antecedência sobre a Operação Furna da Onça por um integrante da Polícia Federal.

Segundo o relato, o policial teria dito que a investigação atingiria Queiroz,  e que iria “segurar” a operação para não atrapalhar a eleição de Jair Bolsonaro.

Marinho, que é suplente do senador, relatou ainda que Flávio o procurou no final de 2018 e que, absolutamente transtornado, pediu a indicação de um advogado criminal.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, Flávio negou ter sido avisado antecipadamente da operação.

Questionado se esteve na sede da PF no Rio, no período em que Marinho alegou ter havido o vazamento, o filho do presidente disse apenas que costumava ir à Polícia Federal, mas que não sabia precisar datas.

Em julho, Flávio também foi confrontado por um promotor do Ministério Público do Rio sobre a origem dos R$ 86 mil em dinheiro vivo usados na compra de salas comerciais em 2008.

“Saí pedindo emprestado para o meu irmão, para o meu pai, e eles me emprestaram”, foi a resposta do senador.

Também negou o uso da loja de chocolate para lavar dinheiro e afirmou que desconhecia um depósito de R$ 25 mil de Queiroz à sua esposa, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro.

Disse ainda que não se recordava de ter dado R$ 638 mil em dinheiro vivo na compra de dois apartamentos em Copacabana. Ao falar da compra da loja de chocolates, Flávio caiu em contradição e confundiu valores.

Em resumo, adotou a mesma estratégia de Lula e afirmou não se recordar de nada.

No mês seguinte, o senador admitiu em entrevista que Queiroz pagava suas contas pessoais, como mensalidades escolares dos filhos e planos de saúde da família.

Imagens da agência bancária da Alerj, obtidas pelo MP, mostram o ex-assessor e amigão da família Bolsonaro pagando contas em espécie. O senador, porém, negou que o dinheiro tivesse ligação com desvios.

Ao comentar os volumes altos movimentados por Queiroz, acrescentou: “Ele é um cara que tinha os rolos dele.”

Em agosto, o Tribunal de Justiça do Rio decidiu que o MP perdeu o prazo para tentar reverter a concessão de foro especial ao senador no processo da rachadinha.

Mais tarde, o motivo foi revelado: a procuradora Soraya Gaya, que já elogiou Jair Bolsonaro nas redes sociais, antecipou em três dias a contagem de prazo para que o MP recorresse contra a decisão de dar a Flávio foro no caso.

Como mostrou reportagem da Crusoé, o senador virou uma espécie de “presidente honorário” da República.

São vários os exemplos que atestam a influência de Flávio. O mais emblemático neste ano talvez seja a indicação do desembargador Kassio Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal, sob os auspícios de Frederick Wassef.

Em setembro, o filho do presidente não compareceu à acareação com Paulo Marinho, atiazinha do pulôver, e ainda debochou dos procuradores ao participar, no mesmo dia, do programa de televisão de Sikêra Jr.

Na gravação, o senador dançou com o elenco do programa sensacionalista ao som de uma música que ironizava “maconheiros”. Seus advogados disseram ao MP que ele estava em  agenda oficial.

Flávio também conseguiu na Justiça a censura à TV Globo. A pedido de sua defesa, a juíza Cristina Serra Feijó proibiu a emissora de veicular notícias sobre o inquérito das rachadinhas.

Nas redes sociais, o parlamentar celebrou a decisão: “Acabo de ganhar liminar impedindo a #globolixo de publicar qualquer documento do meu procedimento sigiloso.”

No dia 3 de novembro, Flávio foi denunciado pelo MP do Rio por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

Também foram denunciados Queiroz, apontado como operador do esquema de rachadinha na Alerj, e outros 15 ex-assessores.

Flávio disse que a denúncia já era esperada e não se sustenta: Não passa de uma crônica macabra e mal engendrada.”

A revista Época publicou no fim do ano que a Abin produziu relatórios para ajudar a defesa do senador para tentar anular a ação penal que Flávio responde por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A Crusoé revelou, então, que os relatórios foram repassados ao filho do presidente pelo próprio diretor da Abin, Alexandre Ramagem.

Embora tenha obtido uma série de vitórias ao longo de 2020, Flávio terminou o ano ainda mais enrolado e não apresentou nenhuma resposta convincente sobre suas movimentações financeiras.

Para fechar a novela, Jair Bolsonaro disse à Band que Queiroz também pagava contas suas e que era de confiança, numa espécie de confissão antecipada diante da possibilidade de que o MP descubra mais um fio da meada.

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