“Eu já ganhei, ninguém chiou”, diz autor do PL do Aborto
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) criticou o governo por tentar barrar o projeto, mas admitiu que a análise do texto pode ficar para depois das eleições
Integrante da frente parlamentar evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), autor do projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana ao crime de homicídio, admitiu que a análise do texto no plenário pode ficar para depois das eleições municipais, marcadas para outubro.
Embora a Casa tenha aprovado a urgência do PL, o deputado afirmou ao Globo que não haver pressa para que o projeto seja pautado.
“Não estou com pressa nenhuma. Votei a urgência e agora temos o ano todo para votar isso. O Lira tem compromisso conosco e ele pode cumprir até o último dia do mandato dele”, disse Sóstenes Cavalcante.
“Se não cumpre, fica difícil de pedir apoio [para o candidato à sucessão]”, acrescentou.
Em 2023, ao buscar a reeleição à presidência da Câmara, Lira prometeu à bancada evangélica pautar o projeto.
“Sem nominal, ninguém chiou”
O deputado Sóstenes Cavalcante criticou o governo Lula por tentar barrar o projeto após ter “lavado as mãos”, referindo-se à falta de resistência para dar rito acelerado ao PL.
“O governo está dando corda para as feministas nesse assunto, elas estão desesperadas. Eu estou muito calmo, deixa elas sapatearem. Eu já ganhei, votamos a urgência, sem nominal, ninguém chiou, tudo caladinho, tudo dominado, dominamos 513 parlamentares. Eu sei jogar parado, eu jogo parado”, afirmou.
O requerimento de urgência do PL do Aborto
O requerimento de urgência do texto, como mostramos, foi aprovado de forma simbólica. A votação foi acordada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que os deputados não precisassem colocar suas digitais.
Antes da votação, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a questão “não é matéria de interesse do governo”. Nos bastidores, a orientação foi de que os partidos da base não se opusessem ao projeto e aderissem à votação simbólica.
O projeto propõe alterações no Código Penal, estabelecendo que, em casos de viabilidade fetal, mesmo resultantes de estupro, o aborto não será permitido.
Em tese, o projeto equipara a pena de aborto à punição a quem comete homicídio. O mérito será votado futuramente, mas ainda não há data definida.
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